Carta aos Sínodos, Paróquias e Comunidades da IECLB
Estivemos reunidas no Encontro de Formação PPL Mulheres de 21 a 23 de março de 2025 sob o tema “Meio Ambiente e Agroecologia: a Vida das Mulheres”, na Casa de Retiro do Sínodo Rio Paraná, em torno de 90 pessoas representantes de comunidades da IECLB e de Movimentos Sociais Populares.
A assessoria da Profª Pª e Dra. Claudete Beise Ulrich nos levou a refletir sobre nossas responsabilidades cotidianas, comunitárias e pessoais no sentido do que nos foi legado através da história bíblica da criação (Gn 1).
O Prof. Dr. Antônio Inácio Andrioli aprofundou a discussão a respeito da agroecologia e nos trouxe experiências significativas de ações nessa direção.
No planejamento do encontro fomos animadas a trazer recipientes permanentes para evitar o uso de copos descartáveis e foi uma ótima experiência.
Reduzir, reutilizar e reciclar são práticas que minimizam impactos ambientais e promovem sustentabilidade.
Nesse sentido, gostaríamos de desafiar os Sínodos, que ainda não o fazem, que também façam essa experiência nas casas de retiro e eventos sinodais, paroquiais e comunitários, pois grandes transformações começam com pequenos gestos.
Que Ruah, Espírito Divino de Deus, nos inspire para novas práticas de bem viver, que nos integrem a toda a criação.
Despedimo-nos com o versículo bíblico de Marcos 10.43: “Entre vocês não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vocês, que se coloque a serviço dos outros”.
O encontro nasce com uma brisa suave de abraços. Pessoas chegando e espalhando acolhimento e alegria.
Aqui estamos como mulheres da Pastoral Popular Luterana. Viemos de diferentes lugares para celebrar a vida e conversar sobre agroecologia.
A própria estação que iniciamos é um convite para refletir sobre o tema. O outono é o início de um novo ciclo. Ciclo de entrega, de renovação, de libertação.
Na bagagem, trouxemos sementes, lutas, sonhos, desejos, fé, esperança, confiança no amanhã…
No decorrer do dia, o sol traz consigo a energia da partilha, iluminando caminhos de encontro.
À medida que a tarde avança, os ventos trazem sabedoria e esta sopra suavemente, guiando decisões, inspirando novos olhares sobre a vida.
Quando a noite cai, as estrelas brilham como um convite à celebração, criando o cenário perfeito para a troca de sonhos, ideias e afetos.
Entretanto, a partir do texto da mulher que procura a moeda perdida, olhamos e nos assustamos com o que estamos perdendo. Perdemos o respeito pela terra, pela água, por toda a criação (Gênesis 1). Perdemos direitos e a vida das mulheres é ameaçada todos os dias.
Como a mulher da história bíblica que encontrou a moeda (Lucas 15.8-10), alegrou-se e convidou as amigas para celebrar, nós também compartilhamos sinais que renovam a esperança de um novo ciclo, uma nova estação e festejamos ao redor da mesa com danças e cânticos.
Ao longo dos dias, a energia da troca intensifica-se. São palavras que nutrem, olhares que curam, gestos que criam raízes. Cada palavra dita e cada gesto sincero lançam ao solo fértil da vida, a promessa de um amanhã mais pleno.
Uma chuva de esperança, leve e refrescante, lavou dúvidas e regou os sonhos plantados no coração. Palestras, reflexões, depoimentos trazem consigo sementes de aprendizados, pois tudo o que foi trocado durante esses dias, quer germinar e florescer.
Nesse contexto, meninas, adolescentes e jovens se sentiram convidadas a fazer parte dessa caminhada.
Abraços mais longos, carregados de significado. Pés no chão nos lembram que fazemos parte da natureza. O ar que respiramos e tudo o que somos nos conecta com a criação de Deus.
Ao encerrarmos o encontro, compromissos de cultivar e preservar a diversidade com responsabilidade são firmados, pois a agroecologia é vida que vem Deus. Reduzir, reutilizar, reciclar e repensar os hábitos de consumo são práticas importantes de preservação da natureza.
Percebemos que não temos uma tarefa fácil, pois há muita resistência ao projeto de vida abundante, que aprendemos com Jesus.
Nos colocamos a caminho e confiamos na ação do Espirito Santo, a Ruah Divina, que nos conduz e convidamos você e sua comunidade a esperançar conosco, a lutar com fé, esperança e amor pelo bem de toda criação.
EM DEFESA DA DIGNIDADE DA VIDA, DAS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS E DA SOBERANIA NACIONAL
“Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho”. (Zacarias 11.17)
Amigas e amigos, companheiras e companheiros de caminhada, Somos uma organização PASTORAL que atua junto a movimentos populares, comunidades de fé e alguns de nós em partidos populares. Por isso, sentimos no corpo, na mente e no espírito o sofrimento de nossa gente, especialmente, das milhões de pessoas – homens, mulheres, jovens, crianças, pessoas idosas e com deficiência – que sofrem FOME. Num país como o Brasil isso é inadmissível! É um escárnio dizer que o país que garante alimentos para o mundo, com as exportações do agronegócio, ao mesmo tempo que nosso povo passa fome, miséria e morte. O desafio maior hoje é lutar pela dignidade humana de todas as pessoas, numa sociedade que se estrutura na falácia da meritocracia, reforçando a desigualdade cruel e a desgraça geral da nação. Não podemos aceitar que o mínimo de liberdades democráticas que ainda mantemos seja diariamente destruído por decisões de altas autoridades, do Congresso Nacional e – seguidamente – por decisões afrontosas aos mais pobres, por parte do Judiciário. Como aceitar que o governo privatize uma empresa como a ELETROBRAS por 33 bilhões de reais, quando ela vale mais do que 1 trilhão? Como é possível planejar e efetuar o desmonte da maior empresa de petróleo da América Latina e ameaçar a sociedade com a privatização da PETROBRAS? Como ainda continuar com um plano de DESTRUIÇÃO do patrimônio público com a privatização planejada do Banco do Brasil, dos Correios e outras empresas estratégicas para o futuro do país? O desafio hoje é lutar pela preservação do patrimônio público brasileiro, construído com o esforço, o suor e o sangue de gerações! Não podemos aceitar que as autoridades responsáveis pela defesa da soberania nacional e das fronteiras do país sejam coniventes com o crime organizado responsável pelo assassinato de pessoas comprometidas com a defesa dos Povos Indígenas e a floresta amazônica, como aconteceu – desgraçadamente – em 05 de junho passado com o indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Funai, e o jornalista britânico Dom Phillips. As autoridades responsáveis devem uma explicação cabal desse fato ocorrido com dois amigos da Causa dos Povos da Floresta. Também não podemos tolerar que órgãos responsáveis por proteger a população decidam usurpar outros poderes e se comportar como justiceiros e vingadores, sem dar o direito constitucional de defesa aos suspeitos. Como no caso dos 29 mortos pela Polícia Civil no massacre do Jacarezinho, em 6 de maio de 2021, e 25 mortos no massacre da Vila Cruzeiro pela Polícia Militar, em 24 de maio de 2022, ambos no Rio de Janeiro. Bem como a execução de um homem negro com transtornos mentais, Genivaldo de Jesus Santos, em câmara de gás improvisada pela Polícia Rodoviária Federal, em 25 de maio de 2022, em Sergipe. Esses são apenas os casos mais mais divulgados que chegaram à imprensa, e escondem centenas de outras violações de direitos feitas pelos órgãos policiais em todo país. Exigimos que todos esses casos sejam apurados e seja feita a justiça e compensação aos familiares das vítimas. O momento no país é de extrema gravidade. Por isso defendemos Eleições Livres, sem interferência indevidas de quem quer que seja, sob a direção competente do Tribunal Superior Eleitoral, seus ministros e demais pessoas servidoras da Justiça Eleitoral. Queremos uma sociedade que supere a violência estrutural, que vença a discriminação contra pessoas afrodescendentes, indígenas, que respeite as diversidades, que garanta trabalho, emprego e direitos trabalhistas a todas as pessoas, com o fim da precarização atualmente em vigor. Lutamos por um país justo, que garanta a vida em paz e segurança para todas as pessoas, sem distinções ou privilégios incabíveis. Aprendemos do testemunho bíblico que pastores e pastoras não são apenas pessoas religiosas, mas dirigentes políticos do povo (Salmo 72; 58; Amós 8.4ss). Quando tais dirigentes maquinam contra a vida da maioria, estamos na beira de um abismo insondável, de tristeza, morte e luto coletivos. Nesse sentido, o profeta Zacarias adverte: “Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho; a espada lhe cairá sobre o braço e sobre o olho direito; seu braço secará completamente, e o olho direito se escurecerá” (Zacarias 11.17) É bom que as atuais autoridades, políticas e religiosas, ouçam essa profecia. Ninguém permanece impune para sempre. A justiça pode tardar, mas chega o dia em que a verdade vence e traz luz aos tempos sombrios que vivemos.
Aos/às Associados/as e simpatizantes da PPL Lideranças comunitárias, sindicais, movimentos populares e sociais
Convite
A PPL estará promovendo o Encontro Nacional de Lideranças e Ministros e Ministras nos dias 16 a 19 de junho de 2022, tendo por local as dependências da Casa de Retiros de Cascavel, tendo por endereço a Rodovia BR 467 – Km 100 – Barro Preto, Cascavel – PR O encontro iniciará às 18h30 horas do dia 16 de junho de 2022 e terá o término no dia 19 de junho de 2022.
Conforme o Estatuto da PPL, Capítulo VI, Art. 15: O Encontro Nacional da PPL é a reunião de pessoas associadas, simpatizantes e representantes de grupos de trabalho da PPL, do movimento social e comunitário, visando a celebração, a troca de experiências, a reflexão pastoral, a avaliação da caminhada e a indicação das prioridades de ação da PPL.
O tema do encontro é “Educação Popular e Ambiental” e vamos nos deixar conduzir pelo tema bíblico de Romanos 8.22: “… a criação toda geme e sofre dores de parto até agora” . Para o tema contaremos com as assessorias da Dra. Naira Estela Roesler Mohr, Doutora em Educação, com estudos em Educação Popular, Feminismo e Agroecologia; Dr. Matheus Fernando Mohr, Licenciado em Ciências Agrícolas, Especialista em Agroecologia, Especialista em Educação do Campo e Desenvolvimento, Mestre em Agroecossistemas, Doutor em Educação Científica e Tecnológica; e Pastor Dr. Valério Guilherme Schaper, pastordaIECLB,doutoremteologiaeprofessornaFaculdadesEST, São Leopoldo, atuando nos cursos de graduação e pós-graduação, responsável pelo Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos e Religião e pelo Grupo de Pesquisa em Ética Contemporânea. É Pró-reitor de Gestão (Gestão 2019-2022) e coordenador do Instituto Sustentabilidade América Latina e Caribe.
Solicitamos que as inscrições ou a confirmação de participação ocorra até o dia 10 de junho pelo link https://forms.gle/RvdF7VHkiCKiWt6X9.
Neste ano haverá uma taxa de inscrição no valor de R$ 250,00 para membros da PPL e de R$ 150,00 para estudantes. A inscrição não deveria impossibilitar ninguém de participar. Havendo alguma dificuldade, entrem em contato com a coordenação nacional: Coordenador Nacional de PPL, P. Renato Küntzer,
PASTORAL POPULAR LUTERANA – PPL
IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL
renatok06@hotmail.com ou WhatsApp +55 55 9710-1990 e parana@pastoral.org.br.
É necessário que tragam roupa de cama, cobertor, travesseiro, toalha, material de higiene pessoal, uma garrafa de água da sua região, Bíblia e repelente. Visto que o encontro é uma construção coletiva, um pedido especial a quem toca algum instrumento musical, que traga o seu instrumento musical.
Lembramos que no sábado, dia 18 de junho de 2022, a partir das 19h30 acontecerá a Assembleia da PPL, cuja convocação estará sendo enviada aos associados e associadas.
Esperamos ansiosamente e cheios de esperança pela presença de vocês.
Carta Pastoral 03/2022 Páscoa – Cristo vive! Amigas e amigos, irmãs e irmãos de fé! Foram dias difíceis, pesados, cheios de dores e cruzes. Mas foram dias em que Jesus de Nazaré manteve sua firmeza, coerência e vontade inabalável de servir às pessoas com as quais se misturava , questionando e transformando as complicadas leis em uma única proposta: o amor. O amor de uns para com os outros, de umas para com as outras. Ele afirmou: “O meu mandamento é este: que vocês amem uns aos outros assim como eu amei vocês” (João 15.12). Qual a consequência de um tal amor? Jesus adiantou ao prevenir seu pequeno grupo de discípulas e discípulos: “Ninguém tem maior amor do que aquela pessoa que dá a sua vida em favor de seus amigos e amigas” (João 15.13) . No seguimento de Jesus de Nazaré, ousamos afirmar que diversas vezes Jesus caiu e entregou sua vida sob o peso das cruzes do nosso tempo, as cruzes de mais 660 mil vidas ceifadas pela Covid-19, as cruzes plantadas nas guerras que hoje desgraçam a vida dos povos na Somália, no Iêmen, na Síria, na Ucrânia, mas também as guerras contra os pobres em nosso país, especialmente jovens negros, mulheres que sofrem o feminicídio, os povos indígenas e quilombolas. Todas essas vidas humanas são sacrificadas em nome do deus Mercado e das corporações que nos dominam. São essas forças políticas e econômicas que sacrificam milhares de vidas nas periferias das cidades, nas zonas rurais, entre os povos tradicionais agredidos em seus territórios e ambientes ecológicos. Quando olhamos para a cruz de Jesus e meditamos sobre sua Paixão, precisamos abrir bem os olhos para enxergar nesses sofrimentos inocentes a paixão acontecendo hoje entre nós. A cruz continua a ser uma realidade gritante. Por isso, gritamos com Jesus: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste” (Mateus 27.46). Sendo honestos conosco e diante de Deus, precisamos confessar: nós também continuamos a erguer cruzes a cada dia nas mais diversas situações. Por isso temos que ouvir em cada domingo da Páscoa o alerta que nos tira do ambiente das mentiras e da violência cotidiana e que soa claro e alto: “Por que vocês estão procurando entre os mortos quem está vivo?” (Lc 24.5b). E com as mulheres amigas de Jesus que foram as primeiras a testemunhar: “Ele vive!”, necessitamos seguir persistentes e corajosos, questionando a atual cultura da morte que insiste em acomodar-nos ao nosso cotidiano. Este é o convite à conversão cotidiana que a Páscoa nos faz. A Páscoa é uma mensagem de salvação, de libertação das sombras da morte para a caminhada da Vida. Por isso ela nos fortalece para resistir e lutar pela PAZ, num mundo cercado de violência estrutural. A Páscoa de Jesus, que vence a cruz da maldade, nos torna um povo animado e alegre que anuncia a alegria do evangelho: Jesus vive! Esta fé nasce da Cruz e nos levanta na Páscoa quando nos encoraja a questionar as razões de tantas pessoas louvarem a cultura da morte baseada nas armas e no ódio ao outro. A Páscoa nos convida a superar o egoísmo infeliz, o preconceito contra quem é diferente de nós, a desonestidade de quem só pensa em seus próprios lucros, a violência gratuita. O Jesus ressuscitado pergunta: “Como vocês demoram para entender e para crer …” (Lucas 24.25) e ainda, “por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês?” (Lucas 24.38). Páscoa é Deus quem faz acontecer. É o Espírito vivo do Ressuscitado que nos faz experimentar já agora, em meio a este mundo caótico, as primícias do Reino de Deus, do amor feito partilha, da esperança que não falha, da fé que move montanhas. A proposta de Jesus vive. Vivamos esta Páscoa redobrando nossa fé na caminhada em defesa da vida de todas as pessoas e da nossa Terra comum, igualmente em sofrimento. Coordenação Nacional da PPL Páscoa 2022
O que é que o Senhor pede de ti, ó ser humano, senão que pratiques a justiça e ames a misericórdia, e andes humildemente diante do teu Deus? Miquéias 6.8
Amigas e amigos, povo das comunidades,
Como parte da Comunidade viva que segue o testemunho do Cristo Crucificado, aquele que exaltou as mulheres e as crianças, que se identificou com as pessoas humildes e perseguidas, que expulsou os adoradores do poder e do dinheiro do Templo, que condenou a tortura, a violência, a usura, o falso testemunho e a covardia, que foi torturado e morto pelos dois poderes estabelecidos de sua época, o religioso e o político, acabando na morte de cruz como um inocente, ficamos estarrecidos diante dos últimos acontecimentos do final do mês de março de 2022 em nosso país. Por isso e como testemunhas do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e em fidelidade a Ele, viemos a público, com temor e tremor diante do Deus da Vida e da Justiça, para esclarecer e denunciar o que segue: 1. O dia 31 de março de 1964 não foi o início de uma revolução que tinha como escopo defender a democracia, como quer fazer crer a nota do Ministério da Defesa sob a batuta do general Braga Neto. O 31 de março daquele ano constitui um dos capítulos mais sangrentos e tristes da história nacional. A Ditadura no Brasil, sob o comando dos militares a serviço de forças econômicas nacionais e estrangeiras, em conluio com empresários e a mídia corporativa, assassinou, torturou e violentou milhares de brasileiras e brasileiros, como testemunham pesquisas acadêmicas nacionais e mesmo dos EUA, baseadas em documentos fidedignos. A Ditadura de 1964 fechou o Congresso Nacional e todas as instituições que defendiam o Estado Democrático de Direito. Solapou as liberdades, censurou, perseguiu e matou aqueles e aquelas que se opunham ao regime totalitário e violento. A Ditadura, ao contrário do que proclamam seus porta-vozes atuais, defendeu e implementou a violência contra os próprios brasileiros e brasileiras. A violência política é o fim da liberdade e do embate político. A tortura é o contrário da democracia. A morte e perseguição política é a morte da ética e de qualquer resquício do Estado Democrático de Direito. Portanto, a nota de Braga Neto, que compara a ditadura a um processo democrático, é totalmente infundada e mentirosa. Não há nenhuma possibilidade de se comparar Ditadura com um processo democrático. A memória verdadeira de nossa história tem nomes e sobrenomes, que são justamente as centenas de vítimas mortas ou desaparecidas pelo regime civil-militar imposto a ferro e fogo. Como pessoas cristãs que seguem o Deus da vida, repudiamos as mentiras e declaramos que não iremos esquecer esses fatos, nem deixar que nossa história seja distorcida. 2. Por outro lado, nos deparamos também com denúncias de ações criminosas no Ministério da Educação, que culminaram com o afastamento do Ministro Milton Ribeiro, o qual se apresenta como Pastor e Teólogo evangélico (é de tradição presbiteriana). Através de um áudio vazado, o então Ministro disse claramente que, a pedido do Presidente da República, se deveria favorecer certas igrejas e alguns pastores escolhidos com as verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o que configura delito grave e fere a Constituição. Por conta de possíveis desvios de verba pública, essas pessoas podem ser enquadradas nos crimes de tráfico de influência e corrupção passiva, no mínimo. Em vista da gravidade desses fatos, senadores de vários partidos irão pedir a abertura de uma CPI do MEC. Inclusive, “as denúncias mais recentes chegam ao ponto de indicar o pagamento de propina com barras de ouro que totalizaria R$ 300 mil a título de liberação de recursos”, segundo fonte do Senado Federal. Enquanto ainda choramos pelas mais de 660 mil vítimas da Pandemia da Covid-19, pela situação financeira do país que voltou a estar no mapa da pobreza, por causa do escandaloso desemprego que afeta milhões de pessoas e suas famílias, com uma inflação de dois dígitos, com pessoas nas filas dos ossos por não ter o mínimo para comer, não podemos ficar omissos e calados diante do que fazem esses adoradores de bezerros de ouro, que buscam se enriquecer com o dinheiro público que deveria ser utilizado nas escolas brasileiras com nossas crianças e jovens. Não por acaso, milhares de escolas públicas viram sumir os alimentos da agricultura familiar que lhes chegava com as verbas da Merenda Escolar, o que compromete a saúde e a vida de milhões de crianças país afora. Assim, como discípulas e discípulos de Jesus Cristo libertador, conclamamos as pessoas cristãs de todas as igrejas que confessam Jesus como Senhor da Vida Abundante, e mesmo pessoas de boa vontade, nesse tempo de Paixão e Páscoa, a seguir o caminho de Jesus, como está descrito pelo profeta Miqueias : “Ele te declarou, ó ser humano, o que é bom e o que é que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus (6.8)
Não podemos concordar que falsos pastores, adoradores de bezerros de ouro, falem e se apresentem como evangélicos e mensageiros do Senhor Jesus! Quanto a nós, que nos convertamos e pratiquemos a justiça e a misericórdia como nos ensina o profeta. E assim aprendamos a andar em humildade diante de Deus e das pessoas, anunciando a Boa Nova do Amor de Jesus, que não se coaduna com a violência de qualquer tipo de Ditadura, tampouco com o desvio de verbas públicas. Coordenação Nacional da PPL – Abril de 2022
“Então lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse. Mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam, porque delas é o reino de Deus”. Mateus 10.13s.
Amigas e amigos, companheiras e companheiros de fé e caminhada. A mensagem do evangelho é clara. Criança tem prioridade sempre na vida e mensagem de Jesus. Porque das crianças é o Reino de Deus. Por isso ele fica indignado quando seus amigos mais íntimos as excluem da bênção e impedem que mães e pais lhe tragam crianças para receberem sua bênção. A partir do gesto de Jesus aprendemos que bênção significa vida, aceitação da parte de Deus, acolhimento e proteção contra todos os males. Daí se pode entender claramente a indignação de Jesus contra seu grupo que cria empecilhos ou coloca obstáculos às crianças. As palavras e ações de Jesus orientam o nosso jeito luterano de ser comunidade, caracterizando esse compromisso em sermos portadores de uma boa notícia. Ao atualizar esta narrativa central do evangelho envolvendo Jesus, e assumirmos a responsabilidade pelo testemunho público do evangelho para os dias de hoje, é inadiável manifestar o apoio à vacinação ampla e irrestrita das crianças do Brasil, sobretudo entre as idades de 5 a 11 anos, assim como todas as pessoas das demais idades. Denunciamos que tanto o Ministério da Saúde quanto o Ministério da Cidadania prestam um desserviço à sociedade, aos pais e mães, às crianças e à saúde pública com atitudes que beiram o crime contra o que preconiza a Constituição Federal de 1988 (Artigos 5 e 6) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). As leis são claras no que se refere à vacinação de crianças e adolescentes. Quem conspira contra a vacinação, semeia dúvidas, menospreza os dados amplamente divulgados a respeito das crianças acometidas e vítimas da Covid 19, é passível de responder por crime de responsabilidade. A comunidade cristã pauta sua vida e ação pelo evangelho de Jesus, aquele que afirma “Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele” (Mateus 18.15). Defendemos que a vacinação para crianças e adolescentes seja, além de disponibilizada, motivo de campanha de esclarecimento e de informações claras e precisas, combatendo as mentiras e o negacionismo, conclamando mães, pais e responsáveis ao atendimento deste direito e compromisso de cidadania. O Brasil já conta com cerca de 630 mil mortos na pandemia da Covid-19 e um número de mais de 25 milhões de casos conhecidos. Segundo dados do Instituto Butantan (07/01), mais de 1.400 crianças de 0 a 11 anos faleceram devido à Covid 19, enquanto outras 2.400 de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, associada à Covid 19. Infectologistas e epidemiologistas alertam para o crescimento de casos e de mortes com a nova variante ômicron. Ela só não trará maiores tragédias por causa do avanço da vacinação que vem alcançando cada dia mais pessoas no país. Em boa hora, a Presidência da IECLB, em Nota Pública de 28 de janeiro passado, manifestou o seu apreço pelo esforço extraordinário de milhares de cientistas na pesquisa e produção das vacinas no mundo inteiro, num curto espaço de tempo. Reafirmando que o Brasil se tornou referência internacional com seu PNV – Plano Nacional de Vacinação, as autoridades pastorais da IECLB conclamam comunidades, mães, pais e todas as pessoas de fé a exercitarem “o direito e a responsabilidade de levar crianças e adolescentes para vacinar”. A orientação é muito oportuna e vem ao encontro do desejo de proteger nossas crianças e famílias contra a proliferação de um vírus que tem causado tristeza, morte e luto para milhares de nossas irmãs e irmãos. A PPL se solidariza mais uma vez com essas famílias, se soma à chamada da Presidência da IECLB e conclama igualmente a que mães, pais, avós, responsáveis levem com toda a urgência e sentido de proteção à vida suas crianças aos locais de vacinação. Neste momento, esta ação de cuidado representa um sinal do reino de Deus no meio de nós. Coordenação da PPL – fevereiro de 2022
Pastoral Popular Luterana Rua Humaitá, 1030 – Bairro Bortolanza (Morro das Antenas) – 89887-000 Palmitos, SC (55) 9710 1990 http://pastoral.org.br/ PASTORAL POPULAR LUTERANA – PPL IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL
Foi numa noite de lua cheia, nas veredas do grande sertão nordestino, que se deu o fato … Riobaldo, personagem do romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, atravessava os ermos da caatinga, quando ouviu os gemidos de uma parturiente. O som da dor vinha de um misérrimo casebre, enterrado na solidão. A mulher estava só, com suas dores e seu ventre inchado.
As andanças de Riobaldo e sua vida dura do cangaço o haviam preparado mais para ser um agente funerário, não para ser um obstetra. Mas naquela noite o jagunço não teve escolha. A força irresistível da vida havia convertido Riobaldo em parteira. Foi assim que, pelas mãos de um jagunço, nos cafundós do sertão nordestino, mais uma criança saltou para dentro da vida.
A essa altura da narrativa, ao som do choro do recém-nascido, Guimarães Rosa coloca as seguintes palavras na boca do extasiado Riobaldo: “Um menino nasceu. O mundo tornou a começar. E saiu para as luas …”. O milagre do recomeço do mundo acontece a cada parto. Sim, o mundo recomeça todas as vezes que, vencendo tantas forças contrárias como só no sertão nordestino é possível, a vida sobrevive e consegue reiniciar sua teimosa trajetória. O sertão nordestino é perigoso para a vida.
Nas veredas dos nossos urbanos, porém, não menos perigosos sertões, tornamo-nos jagunços cada vez mais cruéis, rudes e selvagens. O nosso jeito de viver, egoísta e intolerante, torna este sertão do século 21 tão ou mais perigoso para a vida do que o de Riobaldo e de toda a jagunçada da turma do Lampião. Extorquimo-nos mutuamente, violentamo-nos, mutilamo-nos, agredimo-nos, ignoramo-nos, executamo-nos com fúria tal que deixaria atônito o mais impiedoso dos cangaceiros. Nossas armas são palavras … Nossas “balas” são imagens, preconceitos, estereótipos.
Mas, no meio de tudo isso, há noites enluaradas. E em noites enluaradas, como aquela que banhou aquele casebre, tudo pode acontecer. Nossas crendices dizem que, numa noite assim, há homens que viram lobisomens e vagam pelo sertão, destilando horror e morte. Mas, na história de Guimarães Rosa, o luar do sertão transformou Riobaldo completamente. Fez daquele ser embrutecido pela crueza do cangaço um anfitrião terno, pronto para acolher nos braços a reinvenção do mundo. Uma criança recém-nascida transformou o jagunço em um ser capaz de enternecer-se.
O natal é uma noite iluminada por uma estrela. Numa noite fria e cheia de exclusão a luz dessa estrela ilumina uma estrebaria, onde se ouvem os gemidos de uma frágil mulher.
Cada uma e cada um de nós é confrontado com a incontornável necessidade de ajudar neste parto … como Riobaldos embrutecidos por este mundo que nega a justiça e asfixia a paz.
Que o encontro com esta estrela e com aquela mulher em dores de parto na estrebaria de Belém nos transforme também, como Riobaldos, da brutalidade à ternura. Que possamos dizer, como Riobaldo: “Um menino nasceu. O mundo tornou a começar”! Deixemos que a lua e a estrela dessa noite única na história nos transforme em anfitriões da vida. Anoitecemos lobisomens e feras de todo tipo.
O Natal pode nos fazer amanhecer parteiras da humanidade. Um pequeno menino, deitado nas palhas da manjedoura, tem o poder de amolecer nossos duros corações, transformando egoísmo em solidariedade, medo em coragem, desespero em esperança, vazio em sentido de vida. Que o sentido do nosso ESPERANÇAR também nos faça, como Riobaldo, “sair para as Luas”.
Texto do P. Clóvis Lindner
(Por ocasião do Encontro do Fórum ESPERANÇAR – Diversidade, Diálogo e Democracia na IECLB, em 08.12.2021)
Irmãs e irmãos na caminhada da resistência e da justiça
Que tempos difíceis e cruéis vivemos no Brasil de nossos dias! Muitas mulheres em nossas igrejas vêm sendo ultrajadas, perseguidas, caluniadas por sua defesa da dignidade das suas irmãs. Isto é inaceitável, venha de quem vier. Não é o que aprendemos de Jesus, o bom pastor que dá a vida por seus amigos e amigas. Dele aprendemos outras atitudes, gestos de amor, compaixão e aceitação incondicional (João 8.1ss). Desta vez, porém, chegamos ao ápice da desfaçatez. Quando a Pastora Odja Barros da Igreja Batista do Pinheiro, em Maceió, AL, abençoou o matrimônio de duas jovens fieis de sua comunidade, além de ser ofendida com as palavras mais abjetas, foi ameaçada de morte. Como é possível que tenhamos chegado a este limite impensável neste país?
É hora de repensarmos em profundidade nossa fé e vivência do evangelho de Jesus. O apóstolo Paulo – teólogo da graça de Deus – foi muito claro ao escrever para a comunidade de Roma: “A ninguém fiqueis devendo cousa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei” (Romanos 13.8). Pedro igualmente ensinou as comunidades que pastoreou: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados” (1 Pedro 4.8). Estas recomendações apenas reverberam o ensino de Jesus e o que João escreveu em sua Primeira carta às comunidades da Ásia menor: “Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (1 João 4.16).
Uma comunidade cristã se destaca por ser acolhedora, generosa e cheia de amor mútuo; jamais julga por antecipação. O julgamento pertence a Deus. E ele usa de misericórdia para com todas as pessoas que depositam confiança nele. A Igreja Batista do Pinheiro manifesta grande abertura com sua acolhida e bênção para com duas jovens fieis que desejam viver juntas o amor que as uniu. Isso coloca esta igreja no caminho de Jesus e do Deus de Amor.
A PPL – Pastoral Popular Luterana se solidariza de forma pública e irrestrita com nossa colega e irmã Odja Barros bem como com sua comunidade. A elas nos sentimos unidos pela mesma fé, pelo mesmo amor e mesmo propósito de viver nossa cidadania com respeito por todas as pessoas amadas pelo Deus vivo. Que as ameaças sejam esclarecidas pelas autoridades de segurança da cidade de Maceió e seus responsáveis devidamente enquadrados nos crimes que cometeram. Temos de resgatar neste país os valores proclamados pelo Artigo V da Constituição de 1988.
Coordenação Nacional da PPL – 15/12/2021 Pastoral Popular Luterana Rua Humaitá, 1030 – Bairro Bortolanza (Morro das Antenas) – 89887-000 Palmitos, SC (55) 9710 1990 http://pastoral.org.br/
Amigas e amigos, companheiras e companheiros de fé e caminhada …
Estamos em tempo de Advento. O ambiente criado pelos textos bíblicos provoca visões cheias de expectativas de vida, de experiências humanas, de transformações sociais, políticas e econômicas. Tudo motivado por uma grande ansiedade pela vinda do Salvador. Por isso a Pastoral Popular Luterana se manifesta neste tempo privilegiado. Domesticamos o Advento. Nas igrejas cristãs de nossos dias ele tornou-se um tempo a serviço de uma fé superficial e piedosa, sem as consequências do que ele significa: a espera de uma criança que será “sinal de contradição … para que se manifestem os pensamentos secretos de muitos corações” (Lucas 2.34s). Damos-lhe uma aparência aceitável, bonita e de conteúdo romântico.
Não que isso seja negativo, mas geralmente o cercamos de tantas luzes, que a sua luz própria fica ofuscada. Nós o envolvemos com tantos ruídos, postagens e votos natalinos que os seus lamentos e gemidos passam desapercebidos. Nada mais tem de sua liberdade original que constrange, envergonha e nos desnuda da desumanidade com que nos vestimos.
Para o advento de sua volta, Jesus coloca a comunidade em sintonia com a realidade (Mc 13). É tempo da comunidade de fé, responsável pelo Evangelho – a boa notícia da libertação – entender o seu mundo e saber qual é a sua responsabilidade. Quando discípulos e discípulas perguntam ao Mestre quais serão os sinais, a resposta é uma descrição dos acontecimentos que cercam a comunidade e provocam muito sofrimento. Jesus faz ver e entender que dias de sofrimento virão e fazem parte da caminhada da fé que se vive em amor, resistência e fidelidade à causa do Evangelho. Não ilude ninguém.
Que fatos da vida podem ser identificados como dias de sofrimento? Vocês ouvirão barulho de balas perdidas atingindo crianças negras, policiais atirando em pessoas inocentes em comunidades empobrecidas, garimpeiros ilegais invadindo territórios indígenas, contaminando seus rios de mercúrio e matando crianças com suas potentes dragas. Haverá medo das milícias formadas por ex-policiais que formam os novos grupos de extermínio, facções do narcotráfico e do crime, órgãos de segurança pública que matam por vingança e para instalar medo e terror nas comunidades. Jovens negros e mulheres negras serão abordados na rua, revistados em espaços públicos, seguidos por seguranças em lojas, supermercados e shoppings center para garantir a segurança dos frequentadores. Serão caluniados, agredidos e mortos pessoas por causa de sua orientação sexual e identidade de gênero. Casais não poderão mais sentar nos bancos das praças a noite para verem as crianças correndo e brincando; e admirar a lua e as estrelas.
Vocês também ouvirão barulho de objetos sendo quebrados, gritos de ameaça e de medo. Verão homens agredindo mulheres, crianças e jovens dentro de lares que deveriam ser espaços de proteção, cuidado e acolhimento. Mulheres serão agredidas, ameaçadas e mortas por seus maridos, ex-maridos e companheiros. Crianças e jovens sofrerão agressões físicas, serão molestadas e estupradas por pais, padrastos, companheiros, tios, avós ou amigos da família. Procurarão enganar vocês afirmando que o preconceito, o racismo, a misoginia, a homofobia e o machismo são o exercício da liberdade individual e de expressão. Comunidades de povos indígenas serão abandonadas a própria sorte, com cortes de verbas públicas para a saúde e educação. Suas terras serão objeto de desejo e sofrerão invasões. O projeto de extermínio continuará sendo colocado em prática impunemente. Milhares, talvez milhões de pessoas passarão fome por sua situação de extrema miséria. Vasculharão lixos e lixões para encontrar alguma comida. Farão filas e chegarão a brigar para conseguir ossos bovinos e carcaças de frangos. A justiça formal da Lei estará do lado de quem a consiga comprar ou corromper. Muitos ouvirão sobre esses fatos, mas as notícias entrarão por um ouvido e sairão no outro. Mas não será o fim!
Haverá tempestades tropicais, ventos cada vez mais fortes, chuva de pedras, secas, rios secos, falta de água nos reservatórios, desmatamentos e queimadas. As secas em terras antes bem servidas pelas chuvas que vem da Amazônia se multiplicarão porque escasseiam os rios voadores. Os biomas da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal terão sua vegetação nativa degradada pelo desmatamento, queimadas e grilagem de terras. As comunidades tradicionais que vivem nesses territórios serão expulsas. Serão sacrificadas mais de 610 mil vidas humanas na pandemia de um novo vírus porque cuidados básicos cientificamente comprovados, como o uso de máscaras, higienização das mãos e a urgência da vacinação serão temas de campanhas de desinformação e mentiras. A prioridade será salvar a economia antes que se garanta a vida da maioria do povo. Assim serão os sinais das primeiras dores do parto de uma nova sociedade.
Vocês serão caluniados, perseguidos, ameaçados com violência. Sofrerão ofensas quando levantarem esses assuntos ou outros como o comércio de armas, o tráfico de pessoas, especialmente jovens mulheres, e mortes, muitas mortes. Mas haverá também sinais de resistência e luta: Dia da Consciência Negra; Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, Dia Internacional dos Direitos Humanos; as campanhas e atividade de combate à violência infantil, ao idoso e à pessoa com deficiência; campanhas pela preservação do meio ambiente e das espécies. Ao se envolverem em favor da Vida vocês falarão sobre o Evangelho. E o Evangelho proclama que a Vida vence a morte.
Antes de chegar o fim desse tempo de dores, o Evangelho será anunciado a todos os povos. Mas surpreendentemente, desde os mais vulneráveis, empobrecidos e aparentemente sem estudo. Sim vocês falarão sobre o Evangelho. As palavras que disserem não serão de vocês, mas virão por meio do Espírito Santo.
É nesse tempo e realidade que nos encontramos. Esses são os sinais de nossos tempos, diante dos quais vivemos o advento da vinda de Jesus. E quem estiver longe ou ignorar as vítimas desse tempo de sofrimentos, mesmo que seja uma pessoa cristã piedosa, está longe de Cristo. O que vocês fizerem ou deixarem de fazer a esses nossos irmãos e irmãs mais pequenos: os famintos, os sedentos, os encarcerados e os nus, foi a mim que vocês o fizeram ou deixaram de fazer (Mateus 25.40,45).