Categorias
Igreja Noticias

E o Galileu foi morto…

“Meu Deus, meu Deus por que me abandonastes?” ( Mt 27. 46b)

O encontro de amigos da Quinta-feira chega ao fim no Jardim de Getsemani. Ali o mestre estava com medo. Deus estava com medo! O absurdo, o incompreensível, habitavam juntos o coração daquele esconderijo chamado Getsemani. O salvador do pobres parecia temer a ação dos poderosos. Seus amigos, porém, permaneciam com ele, porque na última noite haviam celebrado a vida, a partilha e a amizade.
E o mestre foi vítima da traição mais cruel que existe, a traição de um amigo. Sentiu na pele o lado negro da corrupção, quando foi declarado réu de morte pelo sistema jurídico judeu e romano. Sentiu a dor de ser rejeitado pelo povo nas horas que mais precisava do seu apoio. Mas sentiu a força do ombro amigo do pobre, ali representado por Simão ( O Cirineu) que o ajudou carregar a cruz. Jesus e o pobre sofreram juntos o peso do pecado daqueles que ainda não entenderam a mensagem do Reino de Deus.
Do alto da cruz parecia sentir o amargo sabor da derrota e do abandono de Deus e orava com o salmista: “Senhor, Senhor, porque me abandonastes?” Deus está morto… E assim acaba a sexta-feira e inicia o Sábado.
João Henrique Stumpf

Categorias
Igreja Noticias

Pão, Vinho, Amizade

E a despedida inicia com um encontro entre amigos: a história que construíram juntos durante aqueles últimos anos ali era colocada sobre a mesa juntamente com o pão, o vinho e a amizade. A dúvida em relação ao futuro próximo foi esquecida diante da dimensão sagrada daquele último encontro.A partilha ultrapassava os limites da física e o mestre repartia seu próprio sangue e seu próprio corpo entre os seus, através do pão, do vinho e da amizade.
Os risos pareciam querer resumir em poucos minutos a gigantesca quantidade de bons momentos juntos vividos. As lágrimas anunciavam o absurdo que o futuro parecia reservar, mas também proclamavam a eternidade de um encontro de amigos que nunca seria esquecido: Uma reunião entre Deus e os seres humanos. A saudade habitava de forma simultânea todos os corações ali presentes e a comunhão acontecia integralmente através do pão, do vinho e da amizade…

Categorias
Mulheres Noticias

IV Encontro Intersinodal de Mulheres

A Pastoral Popular Luterana promoveu no domingo de Ramos o IV Encontro de Mulheres da PPL, O encontro reuniu 400 mulheres dos Sínodos Uruguai, Planalto Rio-Grandense, Noroeste Riograndense e Rio Paraná. Quem acolheu o encontro foi a Comunidade Evangélica de Palmitos/SC.

O encontro tratou do tema da violência contra a mulher, especificamente a violência doméstica, sendo motivado pelo projeto “Nem tão doce lar” da Fundação Luterana de Diaconia (FLD). A temática foi assessorada pelo teólogo Rogério Aguiar. Foi um ótimo domingo, com a presença de mulheres de todas as idades a fim de celebrar a vida, a fé em Jesus a partir de uma triste realidade que testemunha contra o Evangelho, que é a violência contra as mulheres.

Foi um dia especial que iniciou com o lavar das mãos com sabonetes perfumados, exalando o cheiro agradável da justiça e da dignidade. Celebramos a presença do Deus da vida que  criou todos nós, homens e mulheres, à sua imagem e semelhança, na mesma dignidade e importância. Por isto fomos confrontados por meio da palestra, da visitação à casa “Nem tão doce lar” e de variados testemunhos da violência, da discriminação, da impunidade e da exclusão dos direitos básicos que vitimam as mulheres. Nos alegramos e nos fortalecemos pela ação transformadora da fé em Jesus relatadas por uma série de convidados na parte da tarde. Foi extremamente importante e significativo a presença da Secretaria Geral da IECLB com a presença da Pastora  Carmen Michel Siegle responsável pela Coordenação de Gênero.

Ao final as participantes expressam seus sonhos e desejos pela superação da violência doméstica.

“Senhor nosso Deus. Tu que és Pai e Mãe, tu que nos carregas nos braços nos momentos em que nos sentimos fragilizadas, a ti nos achegamos. Agradecemos pelas ofertas destinadas à PPL com as quais edificaremos vidas para receber o teu Reino. Agradecemos por que tu nos fortaleces nas lutas diárias contra a violência, por justiça e paz. Queremos trazer diante de ti nossos pedidos por tantas mulheres que ainda sofrem caladas, humilhadas, escondidas. Queremos te pedir que nos uses como teus instrumentos para edificação de uma sociedade igualitária, sem sexismo, sem dominadores ou dominados, sem exploradores ou explorados. Mas, que possamos exaltar a qualidade do espírito feminino que preserva e promove a vida. Que possamos assumir o papel de cuidadoras, mas que não esqueçamos que temos em nós a força da revolução para o bem e não para o mal. Que sejamos guardadas na tua graça e que ao retornar para os nossos lares possamos levar a tua bênção transformadora junto conosco.”

A despedida foi um “até breve”. Há um compromisso assumido para o V Encontro a ocorrer em 2017.

Pastoral Popular Luterana! Fé e Ação!!!

 

 

Categorias
Igreja Noticias

Celebração em favor do Rio Uruguai

Hoje o Rio Uruguai oferece democraticamente seus espaços de lazer, suas praias mansas às margens de sua imensidão de água. Espaço aberto, sem cerca, águas doces para refrescar os corpos cansados do calor escaldante. O barramento de suas águas será o fim do rito de décadas de lazer de uma imensidão de famílias que buscavam a tranquilidade deste espaço às suas margens  e de onde a piazada, as gurias, os tios e tias, vovós e vovôs tiravam do rio  lambaris e pintados? Vamos querer um gigante adormecido? Morto e inerte? De águas turvas e mal cheirosas? Sepultar riquezas milenares que compõe a riqueza da fauna e flora do rio. Riqueza só dele, exclusivamente dele. E em nenhum outro lugar do mundo. Há indiferença e desdem em relação às árvores, as bromélias, os peixes e animais em seus mais diversos tamanhos e espécies. Querem ver o progresso, a modernidade invadir esses barrancos e cafundós. Que modelo de modernidade é essa que ainda não aprendeu a conviver com o meio ambiente e respeitar os recursos naturais?

Felizmente continuamos com o Rio Uruguai livre e vivo em seu trecho binacional. Sábado, dia 12 de março de 2016 celebramos em defesa do Rio Uruguai e manifestamos nossa oposição às barragens de Garabi e Panambi. Após cinco anos de atividades de resistência e organização popular, em fevereiro de 2015,  uma ação civil pública proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL contra o IBAMA e a ELETROBRÁS suspendeu o processo de licenciamento ambiental e de qualquer estudo para a licença prévia da construção da barragem de Panambi. Após alguns anos de preocupação, angustia e incertezas, as famílias ameaçadas puderam ter um ano de paz e tranquilidade.

A celebração em favor do Rio Uruguai aconteceu em Alba Posse/Argentina e foi organizada pelo Sínodo Noroeste Riograndense – IECLB e a Diocese de Santo Ângelo da Igreja Católica, juntamente com as Igrejas parceiras da Argentina, Distrito Missiones da Iglesia Evangelica del Rio de La Plata e o Distrito Norte da Iglesia Evangelica Luterana Unida e Diocese de Oberá da Igreja Católica. Suplicamos à Deus nas palavras do Salmo 43.1 – Faze-me, Ó Deus, justiça. Justiça que permite às famílias ribeirinhas viverem em paz em suas propriedades, tranquilidade e segurança em suas comunidades.

A celebração fez parte das atividades motivadas pelo Dia Internacional de Luta contra as Barragens (14 de março). Com a celebração e o ato ecumênico as Igrejas expressaram o seu compromisso profético em favor das famílias e do meio ambiente ameaçados pelos projetos.

Categorias
Movimentos Sociais Noticias

Igrejas assumem o seu papel profético.

 

Apesar do silencio momentâneo da fase de estudos do projeto binacional Garabi Panambi, que pretende construir mais duas barragens no Rio Uruguai, há alguns pequenos movimentos do Consórcio no sentido de retomar o projeto o quanto antes. Este momentâneo silencio e calmaria também está sendo utilizado pelas famílias, movimentos sociais, sindicatos e Igrejas para informar, formar opinião e dar continuidade à organização de base das famílias ameaçadas.

Com este propósito, em 15 e 16 de setembro de 2015, o Sínodo Noroeste Riograndense (IECLB) e o Distrito de Missiones (IERP) promoveram uma conferência de ministros e ministras de ambas as Igrejas, em Eldorado, na Argentina. A pauta do encontro era a tarefa das Igrejas no processo de informação, formação e organização das comunidade e famílias ameaçadas pelo projeto de barragens. Do encontro resultaram duas ações concretas. A primeira foi emitir um posicionamento de ambas as Igrejas, não somente para as comunidades, mas para toda a sociedade. Ambas as Igrejas manifestaram que são terminantemente contrárias a construção das represas Garabí e Panambi, sobre o Rio Uruguai, devido a quantidade de represas que já estão afetando e impactando a qualidade da água do rio e a saúde da população. As Igrejas em tom de denúncia também afirmam que há falta de informação transparente por parte das empresas do Consórcio e dos meios de comunicação locais, que defendem a construção das barragens, assim vulgarizando e minimizando as consequências dos impactos ambientais, sociais e econômicos, baseados nos estudos de viabilidade do projeto. Finalizando o manifesto, os ministros e ministras da IECLB e da IERP, fazem um chamado ao compromisso de todas as igrejas, para que tenham uma clara posição contra as represas, por elas serem prejudiciais ao meio ambiente, à sociedade humana e causarem enormes perdas econômicas aos atingidos. Há muitos meios alternativos de produção de energia, com impactos bem menores ao meio ambiente.

A segunda ação é a celebração e ato ecumênico internacional em favor do Rio Uruguai e contra as barragens binacionais de Garabi e Panambi. O evento ocorrerá no dia 12 de março de 2016 na praça da cidade de Alba Posse na Argentina, a partir da 10:00hrs e está inserido numa série de atividades alusivas ao Dia Internacional de Luta contra as Barragens (14 de março). O evento terá caráter ecumênico e internacional e está sendo promovido pelo Sínodo Noroeste Riograndense – IECLB e a Diocese de Santo Ângelo da Igreja Católica, juntamente com as Igrejas parceiras da Argentina, Distrito Missiones da Iglesia Evangelica del Rio de La Plata e o Distrito Norte da Iglesia Evangelica Luterana Unida.

Com a celebração e o ato ecumênico as Igrejas pretendem expressar o seu compromisso profético em favor das famílias ameaçadas pelos projetos, ignoradas em seus direitos e vitimadas, sendo apenas um empecilho a ser removido. Será a oportunidade de denunciar as violações de direitos humanos e também dos impactos ambientais que acabarão por matar o Rio Uruguai. Há por parte das Igrejas uma forte crítica a essa proposta energética de mão única que sacrifica pessoas e o meio ambiente somente pelo desejo de lucro por parte das grandes empresas e seus acionistas.

Categorias
Noticias Notícias gerais

Graça e Paz a todos e todas.

A Pastoral Popular Luterana está com uma nova equipe de coordenação nacional desde 1º de agosto de 2015. Na condição de coordenador nacional da PPL, me dirijo a vocês por meio desse texto de motivação e de apresentação da PPL. Percebo uma tarefa enorme na condição de coordenador. A PPL tem uma história longa, rica e responsável em relação ao Evangelho de Jesus Cristo. A PPL continua sendo atual e necessária. Por isto seguem algumas reflexões acerca de como palpita o meu coração quando, agora, redescubro e revisito a PPL. Posso afirmar que:

Somos um movimento primeiramente pastoral. O espaço privilegiado é a vida cotidiana, o chão batido, a realidade das pessoas. Está associada às demandas do contexto, que necessitam ser corretamente compreendidas. Então tem a prerrogativa de responder as demandas que a realidade lhe apresenta. Portanto como pastoral, necessitamos estar inseridos na realidade cotidiana e em função dessa realidade, dar um sentido e um testemunho de esperança. Nossa atuação pastoral se dá em favor do/a oprimido/a para que se aproprie do direito de ser protagonista na sociedade. As nossas raízes pastorais estão na teologia da libertação e ela nos tem sido um ótimo instrumento na oração, na leitura e interpretação bíblica e no serviço comunitário.

Somos uma pastoral inserida e atuante no meio popular. Essa é a realidade que a pastoral frequenta. É uma pastoral que visita a diversidade de vozes que hoje se manifestam contra a economia especulativa, as injustiças sociais, o mercado da fé e a intolerância étnica e religiosa. É popular porque ouve, acolhe e se solidariza com a diversidade de vozes que desejam uma sociedade democrática, que respeita os direitos humanos e dialoga com outros a respeito de assuntos de ordem socioeconômica e religiosa. Entende que ninguém é detentor da verdade única, mas que o âmbito popular nos proporciona a diversidade de tensões, visões, esperanças e ações. Lá queremos estar e participar. Mas não esquecemos o que nos é próprio e particular. O nosso jeito de ser, de crer e de viver a boa notícia do Reino de Deus.

Somos uma pastoral popular luterana. Somos luteranos e luteranas. Dentro da diversidade, a confessionalidade luterana é a nossa identidade. É que temos de mais próprio, só nosso. No meio e entre os outros, o jeito luterano de ser e crer é o que nos dá uma identidade própria. É o ritmo, só nosso, com que bate o coração e pulsa a nossa vida quando se trata de viver a fé e praticar a justiça. Quando falamos a partir da nossa confessionalidade, somos mais uma voz na pluralidade de vozes. Mas trata-se de uma voz clara, corajosa, solidaria, sóbria e profética. Quando nossa voz se faz ouvir não é pretensiosa a ponto de querer falar pela totalidade. Do nosso jeito de ser não conseguimos atender nem contemplar todas as questões que hoje palpitam e necessitam da presença da Igreja. Por isto somos parceiros e aliados de tantos outros irmãos e irmãs, diferentes de nós no seu jeito de falar, celebrar e viver sua fé. Isto não nos torna adversários nem inimigos. Antes nos aproxima, pois na diversidade encontramos encantamento e o/a outro/a se torna companheiro/a da caminhada e de luta pela dignidade de vida de toda a humanidade e da criação de Deus.

Estamos dando continuidade a caminhada histórica da PPL. Ela foi e continua sendo importante para muitas pessoas da IECLB e também fora dela, no meio ecumênico e popular. Queremos continuar dando a nossa contribuição na vivencia da fé em nossas comunidades, na inserção nos movimentos sociais e populares, no anuncio libertador do evangelho mediante a superação de toda forma de intolerâncias e preconceitos.

A Pastoral Popular Luterana está muito viva e disposta a exercer o seu papel de denúncia e anúncio, correspondendo assim ao chamado de Jesus Cristo.

Pela Coordenação Nacional da PPL
P. Renato Küntzer

Categorias
Noticias Notícias gerais

Posicionamento sobre os 40 dias do rompimento da barragem de Mariana – MG

No momento em que 40 dias nos separam do rompimento da barragem em Mariana/MG, a Pastoral Popular Luterana preocupada com as catastróficas consequências humanas e ambientais, com a direção que o processo judicial está tomando e em solidariedade a todas as vítimas desse crime humano e ambiental, sente-se na obrigação de lembrar, como testemunha do evangelho libertador e profético de Jesus Cristo, o sofrimento e o descaso com as inúmeras vítimas da tragédia. Após 40 dias as pessoas são tratadas apenas como vítimas de um infortúnio, os mortos tornaram-se apenas uma estatística numérica sem história de vida. Lamentavelmente o fato já está num processo de esquecimento, sendo substituído nos meios de comunicação por outros eventos sensacionalistas.

Como pessoas cristãs, não podemos tapar os olhos e ouvidos, com vistas a não ver e escutar o drama enfrentado pelas milhares de pessoas atingidas de forma direta e indireta pela catástrofe. Atentamo-nos ao clamor do meio ambiente que mais uma vez é vítima do lucro a qualquer custo, atendendo assim as regras do sistema capitalista. Jesus demostra em seu ministério uma opção clara para com todos os grupos marginalizados de seu tempo (Mateus 25. 31,46). Cristo se mostra intimamente ligado aos sedentos, famintos, estrangeiros, doentes e presos, ou seja, a todos os grupos vitimados e excluídos, de modo, que não podemos entrar em comunhão com Ele sem o comprometimento com a transformação de todas as situações e estruturas que comprometem a dignidade humana. Só podemos encontrá-lo entre as vítimas de nosso tempo e, talvez, em meio a quem com elas se solidariza e assume sua luta. Nesse sentido, nos solidarizamos e damos testemunho da presença de Cristo entre as várias vítimas não só do distrito de Bento Rodrigues que foi dizimado, mas também entre as populações que dependiam do Rio Doce e do seu ecossistema para sobreviver. Entre as milhares de pessoas atingidas se encontram muitas pessoas membros da IECLB, especialmente no estado do Espírito Santo.

O compromisso dado a nós de cuidar da criação, a qual foi confiada pelo próprio Deus, quando chamou este mundo à existência por meio da Palavra criadora (Gênesis 2.15), não pode fazer com que nos acomodemos diante deste lamentável crime ambiental e humano. A empresa Samarco, responsável direta pelo vazamento da barragem do Fundão, é de propriedade da poderosa Vale (50%) enquanto a outra gigantesca empresa britânico-australiana BHP Billiton é proprietária dos outros 50%.

Diante do ocorrido, entendemos que tanto a Samarco quanto as duas poderosas proprietárias devem ser responsabilizadas criminal e civilmente, sendo assim, exemplarmente punidas e responsabilizadas pela recuperação e indenização total das consequências do crime por elas cometido. As consequências desta tragédia já afetaram e continuarão afetando o ecossistema do Rio Doce por várias gerações, como também a região litorânea do Espírito Santo, onde a lama vermelha teve o seu destino final. Como pessoas e comunidades cristãs devemos nos manter atentos para que os responsáveis não se esquivem de suas responsabilidades e saiam impunes.

Igualmente, a solidariedade para com as vítimas não pode ficar apenas em ações de assistência pontuais (o que no primeiro momento sem dúvida foi importante devido à situação crítica), mas deve nos levar a atitudes proféticas que anunciem esperança às pessoas vitimadas e em relação à recuperação – tanto quanto possível – do ecossistema do Rio Doce. Que seja ao mesmo tempo corajosa em denunciar os culpados como também em cobrar o cumprimento das suas obrigações emergenciais e legais, o que vale também para os órgãos públicos implicados nas três instâncias (municipais, estaduais e federal).

Por fim, entendemos que os governos e agências de fiscalização devem ser corresponsabilizadas por todo e qualquer crime contra o meio ambiente que, na visão bíblica, é Criação de Deus. Tudo indica que os órgãos de fiscalização não fiscalizam adequadamente, o que gera distorções e compromete a aplicação da legislação pertinente, como nesse caso extremo. Parece evidente que houve falta de fiscalização ou – quem sabe – até mesmo cumplicidade na autorização para a implantação dos empreendimentos mineiros que visam única e exclusivamente interesses econômicos, sem as salvaguardas necessárias para o bem estar do povo e do meio ambiente.

Por isto reiteramos que o crime cometido por negligência e busca desenfreada do lucro não caia no esquecimento da sociedade brasileira. As vítimas continuam sua árdua caminhada pelo deserto correndo o risco de serem esquecidas e permanecerem sem os seus direitos respeitados e atendidos com justiça. Faz 40 dias que um rio de lama passou pela vida dessas pessoas.

Palmitos, 15 de Dezembro de 2015.
Coordenação nacional da Pastoral Popular Luterana (PPL).
Categorias
Noticias Notícias gerais

As cinzas da penitência

Texto de Carlos A. Dreher

A tradição das cinzas como sinal de penitência remonta à Bíblia Hebraica. No Livro de Jonas, (3.5-8), o ritual é descrito com detalhes. Em sinal de arrependimento, o rei de Nínive proclama um jejum. Ele e as pessoas em Nínive rasgam as vestimentas bonitas, vestem-se de panos de saco e sentam-se sobre cinzas. Até os animais domésticos devem seguir este rito.
No Primeiro Livro dos Reis (21.27) ocorre um rito semelhante: em sinal de arrependimento, o rei Acabe rasga suas vestes, cobre-se de pano de saco, jejua e dorme sobre panos de saco. Aqui, porém, as cinzas não são mencionadas. Também Jó (1.20), após perder tudo o que tinha, rasga seu manto, raspa a cabeça e se lança em terra. Mais adiante (2.8) senta-se em cinzas. Aqui não se trata de arrependimento, mas de uma espécie de luto pelo que se perdeu.
A Igreja assumiu essa tradição. A partir do século VII, já se conhece a Quarta-Feira de Cinzas como o início da Quaresma, o período de jejum que antecede a Páscoa. É tempo de penitência, em preparação à festa da Ressurreição.
Na Quarta-Feira de Cinzas, os penitentes são vestidos com roupas penitenciais, cobertos de cinzas. A partir do século X, passa-se a consagrar as cinzas. Mais tarde, em torno de 1090, clérigos e leigos são marcados na testa com uma cruz feita de cinzas obtidas de ramos guardados desde o Domingo de Ramos do ano anterior.
O tempo de penitência e de jejum irá durar quarenta dias, a contar da Quarta-Feira de Cinza, terminando no Sábado de Aleluia. Não se contam os domingos, pois cada um deles lembra a Ressurreição de Jesus. Não se pode jejuar no dia da maior alegria cristã.
Pela tradição israelita, assumida pelos cristãos, o domingo começa às 18h de sábado, estendendo-se até às 18h de domingo. Assim, o jejum é suspenso no sábado à noite e retomado ao anoitecer de domingo. Não há, pois, nada de errado em alegrar-se e festejar no sábado à noite e no dia de domingo.
Por último, vale lembrar o significado do jejum. Não se trata de dieta para emagrecer ou desintoxicar, ainda que isto seja um benefício adicional. Trata-se mesmo de deixar de comer algo que se irá dar para quem nada tem de comer. O que eu não como irá beneficiar alguém que passa fome constantemente.
É interessante que, até hoje, algumas famílias negras fazem churrasco na Sexta-Feira Santa. É que, no passado, senhores brancos cristãos deixavam de comer carne naquele dia e a davam a seus escravos, que, então, podiam alegrar-se com aquele presente, fruto do jejum.

Categorias
Noticias Notícias gerais

Presidenta Dilma recebe representantes de igrejas cristãs no Palácio do Planalto

A presidenta Dilma se reuniu, nesta quarta (10), com representantes do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) para falar sobre a Campanha da Fraternidade 2016, lançada hoje. Com o tema “Casa Comum, Nossa Responsabilidade”, sobre saneamento básico, a campanha vai trabalhar também a necessidade de combater o Aedes aegypti.

 

 

Fonte: http://blog.planalto.gov.br/presidenta-recebe-representantes-de-igrejas-cristas-para-discutir-apoio-no-combate-ao-aedes-aegypti/