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Presidência da IECLB Recebe Coordenação da PPL

No dia 02 de julho de 2019 a Presidência da IECLB recebeu, na Sede da Igreja em Porto Alegre, integrantes da Coordenação Nacional da Pastoral Popular Luterana. Na ocasião foram relatados os trabalhos realizados em todo o Brasil e falou-se dos projetos em andamento. Também foi explanado sobre o planejamento e sonhos da PPL como parte da IECLB.
A presidente Silvia Beatrice Genz, o Vice-Presidente Odair Airton Braun e o segundo Vice- Presidente Mauro de Souza expuseram sobre as expectativas da IECLB em relação à PPL. Anseiam que esta se empenhe pela formação de lideranças e que possa dar um vivo testemunho do Evangelho, fomentando o sacerdócio de todos os Crentes. Cf. 1 Pe 2.9
Por sua vez a Pastoral reafirmou que tem se pautado pelas quatro dimensões do PAMI : “evangelização, comunhão, liturgia e diaconia”, dentro do espírito da Missão da IECLB “de ser reconhecida como Igreja de comunidades atrativas, inclusivas e missionárias, que atuam em fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, destacando-se pelo testemunho do amor de Deus, pelo serviço em favor da dignidade humana e pelo respeito à Criação”.
E contudo, a PPL está a serviço da promoção do Reino de Deus, dentro e fora do âmbito eclesial – a partir da IECLB. Ela busca cooperar com a Igreja para alcançar aqueles que estão sendo postos à margem pela sociedade, numa perspectiva de diaconia libertadora e transformadora. Renato Kuntzer ressaltou que “a PPL é pastoral popular porque ouve, acolhe e se solidariza com a diversidade de vozes que desejam uma sociedade democrática, que respeita os direitos humanos. Dialoga com parceiros de movimentos populares, movimentos sociais e com entidades ecumênicas a respeito de assuntos de ordem socioeconômica e religiosa. Não somos um movimento, como algo que se mova em direção paralela ou para fora da IECLB. Somos uma pastoral dentro e na IECLB. Dentro da diversidade, a confessionalidade luterana é a nossa identidade.” Por isso a PPL estabeleceu suas prioridades de atuação pastoral que são gênero, meio ambiente, minorias/excluídos e saúde, e com os eixos transversais: formação, comunicação, celebração e incidência.
Nesse encontro a PPL reafirmou que o seu compromisso com a Teologia da Libertação, a leitura popular da Bíblia e parceria com os movimentos sociais e com as pessoas fragilizadas e excluídas. A resistência diante de um sistema opressor das minorias precisa ser refletida e abordada na Igreja. Apoiar os movimentos populares significa vivenciar a práxis do Evangelho de edificar uma sociedade mais justa, fraterna e amorosa.
A PPL reconhece na IECLB uma Igreja que historicamente tem se importado com as causas populares. Uma Igreja que apoia o povo de Deus em suas causas, fragilidades e não se omite na urgente luta pelos direitos da população. E nesse aspecto, o encontro com a presidência ressaltou os valores cristãos e o comprometimento na busca por vida digna para todas as pessoas.

Encontro Presidência da IECLB com a Coordenação da PPL
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Pastora Presidente visita familiares das vítimas em Brumadinho/MG

https://www.luteranos.com.br/noticias/pastora-presidente-visita-familiares-das-vitimas-em-brumadinho-mg

No dia 25 de junho celebramos os 5 meses do crime da Vale em Brumadinho, que deixou 272 pessoas mortas, uma vasta região devastada pela lama, o rio Paraopeba totalmente morto e um estado de depressão na maioria da população brumadinhense. Das 272 vítimas, 24 ainda não foram encontradas. A celebração que reúne os familiares das vítimas, nesse mês de junho, contou com a presença da Pastora Presidente da IECLB, Silvia Beatrice Genz

O rompimento da Barragem I do Córrego do Feijão em Brumadinho aconteceu dia 25 de janeiro de 2018, às 12h28min e desde então a Comunidade de Belo Horizonte vem acompanhando esses familiares junto com a Igreja Católica em Brumadinho. O primeiro desafio foi acompanhar as famílias no reconhecimento dos corpos no IML em Belo Horizonte e o devido sepultamento. Depois, veio o processo de luto acompanhado de muita revolta contra a Vale. Estudos preliminares comprovam que a Vale sabia do risco de rompimento da barragem. Por isso, as famílias tratam essa situação como um crime doloso da Vale, quando se assume o risco de matar.

A Pastora presidente da IECLB disse que veio trazer o abraço solidário da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e dizer que preservar a memória desse crime é uma das formas eficazes para que situações como essa não se repitam nunca mais. A Pastora Presidente disse se alegrar que através da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte, toda a IECLB pode se sentir representada junto aos familiares das vítimas de Brumadinho. A Comunidade de Belo Horizonte tem um Projeto de Acompanhamento as Vitimas das Barragens em Minas Gerais.

Em Minas, os casos de apreensão com a mineração continuam emergindo pelo Estado. Barão de Cocais, Nova Lima, Congonhas, Itabira, Ouro Preto e Belo Horizonte são alguns dos municípios na rota das barragens de risco. Moradores desses locais convivem com o terror psicológico da possibilidade iminente do rompimento de barragens. Somadas as mortes diretas, a destruição ambiental perdura por gerações e compromete a segurança hídrica dos municípios. O rio Paraopeba, por exemplo, atingido pelos rejeitos e pela lama da Vale em Brumadinho, era responsável por 30% do abastecimento hídrico de Belo Horizonte.

A Comunidade Luterana em Belo Horizonte tem acompanhado os familiares com atenção pastoral e também tem vigiado as ações do governo do Estado, depois do crime de Brumadinho. Lamentavelmente precisamos constatar que os desastres de Mariana em 2015 e Brumadinho em 2019 – ambos causados por rompimento de barragens de mineração da Vale – não foram capazes de mobilizar os gestores públicos a cumprir – por exemplo – com a correta aplicação da Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários (TFRM).

A instituição de uma taxa é diferente de um o imposto que o governo tem liberdade de usar dentro do Orçamento. A TFRM foi criada em 2012 com a intenção de prover recursos para fiscalizar a atividade minerária. Nesse ano de 2019, de janeiro até o mês de maio, o Estado arrecadou 131 milhões de reais com essa taxa, mas gastou apenas 790 mil reais. Por isso, uma ação popular foi impenetrada nesse mês de junho 2019 no Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, cobrando do governo estadual a aplicação desses recursos em ações de fiscalização do setor.

A ação popular é uma iniciativa de movimentos sociais e religiosos em Minas Gerais, que querem apontar saídas dessa encruzilhada que diz que é ruim com a mineração, mas é pior sem ela. Não é possível mais aceitar esse modelo extrativista depredatório que condena milhares de pessoas à morte e à lama. A mineração é necessária, mas ela deve ser também segura. Já existe tecnologia suficiente para implementar uma mineração segura e ecologicamente sustentável. É nisso que precisamos nos unir.

P. Nilton Giese
Belo Horizonte

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Encontro Nacional da PPL

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 POSICIONAMENTO SOBRE OS CORTES NA EDUCAÇÃO E A REFORMA DA PREVIDÊNCIA   

Todas as pessoas ficaram cheias do Espírito Santo (…). At 2.4 

Somo

 

Todas as pessoas ficaram cheias do Espírito Santo (…). At 2.4 

 

Somos ainda iluminados e iluminadas e movidos e movidas pela energia que provém de Pentecostes. A tradição considera esse momento como marco central para o nascimento da Igreja. É o momento em que o Espírito Santo dá aos discípulos e às discípulas a coragem que vence o medo e o ódio, disseminados na época pelo Império Romano e por outros grupos políticos e religiosos aliados. A Igreja nasce dessa fé, coração do ministério de Jesus, alicerçada na coragem e no amor. A coragem foi fundamental para a Igreja manifestar postura crítica às forças que oprimiam e matavam as pessoas em sua época. O amor foi fundamental para a Igreja não esquecer dos pobres e das pobres, das viúvas, dos orfãos e das órfãs, dos escravos e das escravas, ou seja, de todos os grupos e pessoas que Jesus defendeu durante todo seu ministério: “ Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes aos mais pequenos dos meus irmãos, a mim o fizestes”( Mt 25. 40). A fé ensinada por Cristo  dá à Igreja a coragem de superar seus próprios muros e denunciar as estruturas, sistemas e lógicas que castigam ainda mais os grupos e pessoas historicamente violentadas por nossa sociedade. “Não esmagará a cana rachada, nem apagará o pavio que fumega, até que faça vencer a justiça” (Mt 12. 20). Para a fé cristã, a justiça só é possível a partir do cuidado e da atenção aos grupos e pessoas mais vulneráveis. É a partir deles que a Igreja orienta sua atuação no mundo: todas as vezes que uma pessoa ou um grupo vulnerável é ameaçado, a Igreja sem medo levanta a sua voz. Diante disso, duas questões contemporâneas ligadas ao governo federal brasileiro nos preocupam: a Reforma da previdência e os cortes na educação. 

Ambas as medidas afetam de forma considerável grupos fragilizados da população, seja dificultando o acesso à aposentadoria e a benefícios de seguridade social, seja afetando a vida de jovens que enxergam no estudo possibilidade de melhora de sua vida e de suas famílias.  Se efetivamente há necessidade de fazer uma reforma da previdência, a mesma não pode, de forma alguma, castigar ainda mais a população de baixa renda.  A reforma proposta apenas agrava as injustiças sociais brasileiras, pois não busca combater a sonegação das grandes empresas, corporações e milionários e milionárias. A proposta não aplica as mesmas regras aos políticos e às políticas com mandato e os militares e as militares. Os beneficiados e as beneficiadas desta proposta são os bancos e empresas de previdência privada, que ganham a possibilidade de expandir seus negócios com a capitalização da previdência e a previdência complementar. Qualquer reforma só será coerente dentro da perspectiva cristã se servir para diminuir os privilégios dos grupos mais ricos e beneficiar os grupos e pessoas mais pobres, promovendo assim uma sociedade mais igual e mais justa, perspectiva não contemplada pela reforma apresentada. Os cortes na educação, tanto básica como superior, representam não somente um ataque do governo à parcela da população que não tem dinheiro para pagar escolas e faculdades privadas, mas, também, o desmonte da educação e da ciência nacionais. Os cortes inviabilizam atividades em inúmeras universidades, o que afetaria todos os níveis de nossa sociedade, especialmente a maioria de baixa renda. A enfâse de Lutero na educação é totalmente ignorada pelo atual governo brasileiro. Essas medidas sedimentam a desigualdade da nossa sociedade. 

Neste cenário, a Igreja é movida pela força de Pentecostes, que lhe encoraja a levantar sua voz todas as vezes que a vontade de Deus, que é a vida abundante para todas as pessoas (Jo 10.10), é desrespeitada. Cristo nos lembra que só será possível a construção de uma sociedade mais justa a partir do cuidado e da proteção aos grupos e pessoas mais vulneráveis. Ora, são esses os mais castigados por tais medidas do governo. Por tais motivos, a voz da Igreja se faz ouvir. Não ficaremos calados e caladas diante da injustiça aos mais pequenos e às mais pesquenas. “Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer.” Mt 25. 45.  

 

  Coordenação da Pastoral Popular Luterana,

Palmitos 14 de Junho de 2019.

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GREVE GERAL!

A Pastoral Popular Luterana se reconhece e se manifesta como uma pastoral fiel ao serviço do Evangelho e de Jesus de Nazaré. O espaço privilegiado é a vida cotidiana, o chão batido, a realidade das pessoas. Está associada às demandas do contexto, que necessitam ser corretamente compreendidas. Então tem a prerrogativa de responder as demandas que a realidade lhe apresenta. Portanto como pastoral, necessitamos estar inseridos na realidade cotidiana e em função dessa realidade, dar um sentido e um testemunho de esperança. Nossa atuação pastoral se dá em favor do/a oprimido/a para que se aproprie do direito de ser protagonista na sociedade.
Somos uma pastoral inserida e atuante no meio popular. Essa é a realidade que a pastoral frequenta. É uma pastoral que visita a diversidade de vozes que hoje se manifestam contra a economia especulativa, as injustiças sociais, o mercado da fé e a intolerância étnica e religiosa. É popular porque ouve, acolhe e se solidariza com a diversidade de vozes que desejam uma sociedade democrática, que respeita os direitos humanos e dialoga com outros a respeito de assuntos de ordem socioeconômica e religiosa.
Em responsabilidade ao Evangelho não podemos ser omissos e indiferentes à situação socio política do Brasil, em especial à injustiça que a reforma previdenciária provocará. A omissão torna-se conivência criminosa com o sistema dominante.
“Por conseguinte, os cristãos de confissão luterana são chamados a:
Renegar a ideologia que dá suporte à acumulação e concentração de riqueza em benefício de minorias e em detrimento do atendimento das necessidades básicas do ser humano e da manutenção da boa criação de Deus.
Renegar a adoração do capital e da religião do consumo como definidora do sentido da vida.
Renegar modelos econômicos que desconsideram a necessidade e urgência de um desenvolvimento autossustentável que preserva a vida no planeta.
Renegar todas as formas de individualismo voltado tão-somente para a autossatisfação, desconsiderando a importância das relações coletivas e comunitárias, bem como o serviço mútuo e a solidariedade. ” (Manifesto de Chapada do Guimarães – 2000).
Uma forma democrática de fazê-lo é usufruindo da cidadania. E essa permite a manifestação pública, de forma visível e audível. Manifestamos nosso total apoio e envolvimento à greve geral convocada para o dia 14 de junho. Estão em pauta o aumento do desemprego, diminuição dos salários, retirada de direitos trabalhistas, precarização do trabalho, aumento do trabalho escravo, corte de políticas de proteção social e de renda mínima como o bolsa família, paralisação dos programas de moradia, de defesa dos direitos das mulheres e da juventude, cortes na educação pública e brutal ataque à previdência social. Não podemos nos omitir e calar diante da retirada de direitos de trabalhadores e trabalhadoras, do campo e da cidade. Reformas são necessárias, mas não sem uma ampla discussão e debate com a sociedade.
P. Renato Küntzer
Coordenador Nacional da PPL

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Dia da Pastora e do Pastor

Parabéns a todas as companheiras e companheiros de jornada

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CONTRIBUA COM A PPL

“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração … Deus ama a quem dá com alegria”. 2 Co 9.7

Falar de dinheiro é necessário em todos os lugares. Também é necessário na Pastoral Popular Luterana. A PPL se mantém a partir da contribuição de seus filiados e simpatizantes. Ao contribuir com a Pastoral você ajuda na organização e articulação de projetos que defendem a vida em abundância que Cristo quer nos dar. Nesse sentido, as causas da PPL visam defender a cidadania, apoiando as lutas pela garantia dos direitos conquistados pela população. Hoje, mais do que nunca é preciso agir na defesa da justiça em favor das minorias desamparadas.
“A pastoral popular tem sua origem na luta de libertação na América Latina, onde o povo reconhece a atuação de Deus na história pela prática da justiça. Esta sua origem também define o seu público e tarefa específica que é o cuidado para com aqueles/as que se encontram em situação de fragilidade devido a desigualdade social e de todas as demais consequências de tal desigualdade. A pastoral popular eficiente é aquela que, conforme Jesus fez, consegue ler e interpretar a sociedade do seu tempo, a fim de detectar os problemas que fazem com que o povo sofra.  E, a partir de então, sejam denunciados, tendo em seu horizonte a mudança – a realização da justiça.”
Desta forma, nos movemos como agentes de transformação, a partir do Evangelho, no meio do povo. Buscamos empoderar as lutas de mulheres e homens no resgate da sua dignidade, enquanto imagem e semelhança de Deus. Para alcançar esse objetivo promovemos cursos de formação cidadã, estudos bíblicos, encontros de trabalho e articulação, inserção junto aos movimentos populares, fomentamos discussões sobre temas importantes para a caminhada da Igreja, refletimos sobre a diversidade, realizamos celebrações pela vida e militamos junto à sociedade civil organizada por justiça e paz. Pois, PPL é testemunho e ação! E, nesse sentido, somos impulsionados por um olhar ecológico de cuidado para com toda a criação, de forma especial pelos mais fragilizados e excluídos.
Não é fácil manter os trabalhos, sensibilizar e realizar projetos, quando não se conta com muitas fontes de recurso. Reconhecemos o importante apoio da IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, através de projetos direcionados. Contudo, os recursos não são suficientes para manter a estrutura e atuação. Assim como qualquer entidade, temos uma infinidade de custos e uma grande demanda de trabalhos por serem abraçados. E é somente assim, com a luta, contribuição e empenho de todos que poderemos construir uma sociedade justa, digna e igualitária.
Como diria Lutero:
Fé e amor perfazem a natureza do cristão. A fé recebe, o amor dá; a fé leva a pessoa a Deus, o amor a aproxima das demais. Através da fé ela aceita os benefícios de Deus, através do amor ela beneficia seus semelhantes. M. Lutero

Este é o “espírito” da PPL!
Visite nosso site e conheça alguns trabalhos que estamos desenvolvendo Brasil afora. Auxilie financeiramente para que nosso trabalho possa se aprimorar e se tornar instrumento cada vez mais efetivo na luta pela libertação do povo.

Contribua com a Pastoral Popular Luterana – PPL
Doe qualquer valor depositando na conta da Caixa Econômica Federal.
Ag 1080
Operação 013
(Conta poupança) 43422-2
Identifique seu depósito como doação.

Grata: Pastora Neida Inês Altevogt Sander
Tesoureira da PPL

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Desmonte da Previdência e Atentados Contra a Cidadania

A Reforma da Previdência vai atingir a todos os membros da IECLB e colocar em risco o amparo na velhice. Compreendemos que precisamos convocar a todos/as na igreja para refletir, debater e se manifestar. Sindicatos e movimentos populares estão conclamando para lutar contra a retirada de direitos do povo. Protestemos!
Com a reforma o futuro fica incerto. Em caso de desemprego o/a cidadão/ã não conseguirá contribuir. Serão mais anos trabalhando para completar o tempo de serviço. Com mais idade, mais doenças. Conforme os anos avançam, menos chance de conseguir emprego.
Resultado: a aposentadoria vem mais tarde e a pessoa fica com menos dinheiro e empobrece.
Qual o efeito da dessa “reforma”:
1. A aposentadoria integral será para uma minoria que tenha capacidade de contribuir por 40 anos.
2. A aposentadoria parcial, com valor rebaixado (60% da média de todas as contribuições) será inacessível para mais de 35% dos brasileiros, que nem sequer conseguem comprovar 20 anos de contribuição.
3. O reajuste dos benefícios deixaria de ser corrigido pela inflação.
4. A idade mínima de 62/65 anos poderá ser de 64/67 em 2033, pois sempre que a expectativa de sobrevida se elevar um ano, a idade mínima também subirá.
5. Na Previdência Rural, a idade mínima da mulher sobe de 55 para 60 anos e o tempo de comprovação da atividade rural é substituído por tempo de contribuição durante 20 anos;
6. A “reforma” restringe o acúmulo de mais de uma aposentadoria e pensão, sendo que a pensão fica restrita a 60% do valor.
Num sentido mais amplo, vemos um verdadeiro atentado contra a cidadania. Direitos sobre direitos, conquistados com muita luta pelo povo trabalhador, estão sendo usurpados pela classe dominante. O desmonte da Cidadania começa a ocorrer com o Golpe civil-militar-emprearial de 64 e a luta contra essa ditadura gestou a Constituição de 88 que consolidou muitos direitos do povo brasileiro. A partir do período neoliberal dos anos 90 os governos Collor e FHC tentaram desmontar os direitos conquistados pela Constituição de 88. Finalmente o Golpe militar-jurídico-empresarial-midiático-parlamentar de 2016 retomou o desmonte dos direitos da Constituição de 88 ao congelar pela PEC 55 os recursos da saúde, educação e assistência social por 20 anos e não mais permitir o aumento do salário mínimo acima da inflação, além da reforma trabalhista que desmontou a CLT e a reforma da previdência quer coroar esse desmonte de direitos do povo brasileiro para garantir a taxa de lucros dos empresários e principalmente dos banqueiros.
Compreendendo a gravidade dessa situação, conclamamos a todos para que se informem e reajam nas mobilizações nas ruas a essa proposta de reforma da previdência e pressionem os políticos (vereadores, prefeitos, deputados) para se posicionar contrários a esse desmonte de direitos e nunca mais votem nos deputados que apóiam essa reforma. Somamos as nossas preocupações àquelas já expressas no Manifesto da IECLB: Nosso Compromisso é o Evangelho (http://www.luteranos.com.br/textos/manifesto-da-ieclb-nosso-compromisso-e-o-evangelho).

Gunter Adolf Wolff – Pastor Lobo


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Manifesto IECLB

Compartilhando …

Manifesto da IECLB: Nosso compromisso é o Evangelho

http://www.luteranos.com.br/textos/manifesto-da-ieclb-nosso-compromisso-e-o-evangelho

1. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) é Igreja de Jesus Cristo no país. O alicerce que sustenta essa Igreja é o Evangelho de Jesus Cristo, manifestado nas Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos (Constituição da IECLB, Art. 1º e 5º). Como Igreja fundamentada no Evangelho, a IECLB deve seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e prestar contas, em primeiro lugar e acima de tudo, ao Senhor da Igreja.

2. A Igreja de Jesus Cristo tem a tarefa de ser sal e luz do mundo (Mateus 5.13-16). Este é um chamado para fazer a diferença. Mas o que significa tudo isto: ser sal, luz e fazer a diferença? A IECLB entende esta tarefa nos seguintes termos: propagar o Evangelho de Jesus Cristo; estimular a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária; promover a paz, a justiça e o amor na sociedade; participar do testemunho do Evangelho no País e no mundo (Constituição da IECLB, Art. 3º).

3. Propagar o Evangelho é anunciar aquilo que Jesus Cristo proclamou: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependam-se e creiam no evangelho” (Marcos 1.15). Propagar o Evangelho é também anunciar o que Jesus Cristo fez por nós: Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou (1 Coríntios 15.1-4). Aquilo que Jesus proclamou e aquilo que ele fez por nós constituem o Evangelho que anunciamos. O anúncio de Jesus teve consequências em sua época e tem implicações em nosso contexto. Qual é o efeito do Evangelho nos dias de hoje?

4. O Evangelho tem consequências em todos os âmbitos da vida. Não é possível separar aquilo que é anunciado na Igreja daquilo que se vivencia no dia a dia: “Ao SENHOR pertence a terra e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam” (Salmo 24.1). Deus é o Criador de tudo e ocupa todos os espaços. É por isto que, na compreensão luterana, a Igreja, a Economia e a Política são consideradas ordens da Criação de Deus. Deus efetiva a sua vontade por meio da Igreja, da Economia e da Política, e cada pessoa é chamada a atuar com os dons dados por Deus nestes três âmbitos da vida. Dessa forma, a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária terá como efeito a promoção da paz, da justiça e do amor na sociedade.

5. No sentido bíblico, a paz não se caracteriza somente pela ausência de guerras e conflitos. Paz acontece quando há bem-estar espiritual, físico, social, político e econômico. Infelizmente, a sociedade brasileira não se destaca pela vivência dessa paz. Não há paz na economia, não há paz na política e não há efetivação constante da justiça. Parece que estamos na mesma situação descrita pelo profeta Isaías: “Não conhecem o caminho da paz, nem há justiça nos seus passos” (Isaías 59.8). A partir do que se justifica esta percepção tão negativa?

6. A Economia deve garantir a produção e a distribuição justa dos meios de conservação e preservação da vida. Entretanto, percebemos muita concentração de bens e renda, exploração de mão de obra, desequilíbrio nas relações, esgotamento e degradação dos bens naturais. A cada ano aumenta o fosso que separa a parcela mais rica e a parcela mais pobre da população. Um grupo seleto de pessoas bilionárias concentra a maior parte da riqueza nacional e global. A voz profética continua atual: “Ai dos que ajuntam casas e mais casas, reúnem para si campos e mais campos, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra!” (Isaías 5.8).

7. Nós confessamos que Deus fez tudo o que existe. Aos olhos de Deus, toda a Criação é muito boa (Gênesis 1.31). Deus nos deu habilidades, capacidade criativa e responsabilidades. Como imagem e semelhança de Deus, deveríamos cuidar da Criação da mesma forma que Deus cuidaria (Gênesis 1.27; 2.15). O desmatamento, a poluição, o consumo excessivo e o uso desenfreado de agrotóxicos, evidenciam justamente o contrário. A liberação de agrotóxicos, já proibidos em outros países, traz consequências nocivas para a saúde humana e para a vida de outros seres criados por Deus. Os crimes ambientais de Mariana e Brumadinho chocaram pela destruição e violência. Sustentamos que agências reguladoras e órgãos ambientais devem exercer fiscalização rigorosa, sem conivência com interesses econômicos. Reiteramos a necessidade urgente de reduzir emissões dos gases que causam o efeito estufa. Reivindicamos ações de saneamento para diminuir os efeitos do esgoto. Precisamos desenvolver, em nossas casas e em nossas comunidades, ações de cuidado com o planeta. Se não agirmos, as gerações futuras sofrerão muito mais as consequências da nossa capacidade destrutiva e do descaso com o meio ambiente.

8. Entendemos que a função da Política é organizar a vida em sociedade e promover a justiça. Nossa democracia se fragiliza quando, em lugar do bem comum e da justiça social, prevalecem interesses pessoais e de grupos econômicos. Há dificuldade em consolidar políticas públicas que garantam a universalização do acesso à educação e saúde, assegurem o cuidado com o meio ambiente, o acesso a alimento saudável, o direito a uma aposentadoria digna. A prática da corrupção, que não é exclusividade da política, impregna o sistema político. Não havendo punição adequada, a corrupção acaba sendo vista como prática que “vale a pena”. Pessoas desempregadas, trabalhadoras e empresárias, comprometidas com princípios éticos do bem comum, são as que mais sofrem com o desvirtuamento político. Percebemos que também o sistema judiciário precisa ser aprimorado e funcionar imparcialmente, de acordo com o direito e as normas constitucionais.

9. Nos preocupa de forma especial o assunto da previdência social. Quem trabalha tem direito a aposentar-se de forma digna. Reconhecemos que é necessário reformar o sistema previdenciário para garantir sua sustentabilidade, mas defendemos que sejam observadas as diferentes análises da situação da previdência, que sejam cobradas as dívidas astronômicas e que a distribuição dos benefícios seja justa. A proposta de reforma previdenciária diminui benefícios, mas não mexe em privilégios de certas classes. Ela também não considera as diferenças entre profissões e as expectativas de vida regionais. É imprescindível mais transparência sobre a aplicação dos recursos para sustentar a previdência social. Precisamos nos unir para além das diferenças partidárias e de interesses privados, buscando o bem comum e amparando especialmente as pessoas mais necessitadas.

10. Os índices de violência no Brasil são assustadores. Com cerca de 60 mil homicídios por ano, nossos números se assemelham a regiões em situação de guerra. Os homicídios afetam especialmente pessoas jovens e negras. São assustadoras e extremamente graves as situações de pedofilia e abuso de crianças. A taxa de feminicídios (assassinato de meninas e mulheres) no Brasil é a quinta maior do mundo. Cresce a violência contra povos indígenas e a violência baseada em discriminação por orientação sexual. Sofremos também com a intensa sensação de insegurança, tanto nas cidades, como nas localidades rurais. Atividades pessoais e comunitárias muitas vezes são limitadas pelo medo. Os governos têm falhado sucessivamente no combate ao narcotráfico e à criminalidade. Armas são fabricadas para matar. A posse de armas não soluciona o problema da segurança pública, que é uma obrigação do Estado. Além de enfrentar as consequências da violência, é preciso perguntar pelas suas causas e se engajar em ações que sustentam a vida. Jesus Cristo, o Príncipe da Paz, chamou de bem-aventuradas (felizes) as pessoas que promovem a paz (Mateus 5.9). Esta paz pressupõe a prática da não violência. A fé e a esperança cristã nos comprometem a buscar um mundo com menos armas, com mais paz e mais vida (Isaías 2.4).

11. A IECLB defende a liberdade de expressão, mas ela não pode ser confundida com mentira, calúnia, ódio, discriminação e apologia à violência. As polarizações se manifestam no cenário político e geram tensões nas relações sociais. Repudiamos e condenamos discursos e práticas de ódio, de violência, de racismo, de homofobia. Muitas vezes, perfis falsos e robôs estão na origem de mensagens que alimentam discórdia, intolerância e violência. Falsidades são repetidas tantas vezes até que sejam tomadas por verdades. A expressão fake news suavizou as consequências terríveis da mentira. Não podemos esquecer que o diabo é o pai da mentira (João 8.44) e que o compromisso cristão é com a verdade e a justiça (Efésios 6.14). O oitavo mandamento ordena não falar mentiras. Para cumpri-lo, de acordo com Martim Lutero, é necessário dizer a verdade e contradizer a mentira onde for necessário.

12. Ao apontar para os graves problemas da nossa sociedade é necessário falar do pecado humano, que está na origem de tantos males que experimentamos, também na Igreja. Por isto, o anúncio do Evangelho requer o chamado ao arrependimento: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Cada pessoa precisa ser confrontada com as palavras de Jesus: “arrependam-se e creiam no evangelho”. Arrepender-se significa reconhecer que uma maneira de pensar e de agir está incorreta e que uma mudança, uma conversão, é necessária. Confiamos que “mediante o arrependimento, Deus afoga em nós o pecado e, através do perdão, nos faz ressurgir para uma nova vida de fé e amor” (Nossa Fé – Nossa Vida).

13. Pela ação do Espírito Santo, o Evangelho transforma vidas e habilita a produzir bons frutos. Por isto não podemos deixar de mencionar alguns sinais que percebemos na IECLB. Há práticas diaconais e parcerias com movimentos sociais engajados na busca pelo bem comum. Há grupos que se reúnem em torno de causas ambientais e programas que incentivam a agroecologia. Há preocupação com a justiça de gênero e reflexão ponderada sobre a sexualidade humana. Há pessoas que se reúnem para promover a cultura da paz e empreendedoras e empreendedores que se guiam por princípios éticos. Afirmamos a integridade da vida e a defesa dos direitos humanos fundamentais para todas as pessoas. Assumimos a visão de ser Igreja reconhecida pelo cuidado com a Criação de Deus. Temos compromisso com a educação integral que capacita para o agir socialmente responsável. Em toda a IECLB, pessoas se reúnem em culto e, a partir da comunhão com Deus e com outras pessoas, se dispõem a servir. Mas estamos fazendo tudo aquilo que está ao nosso alcance? Podemos fazer mais?

14. Como pessoas cristãs de confissão luterana, reconhecemos que o Estado é laico e que a sociedade brasileira deve ser regida pela Constituição Federal. Mas, a partir do Evangelho, temos um chamado para ser sal e luz em nosso país, seguindo os passos de Jesus. Não importa o tamanho e o número de nossas comunidades, nós podemos e precisamos fazer a diferença!

Porto Alegre, 29/03/2019

Presidência e Conselho da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

Manifesto elaborado por incumbência do XXXI Concílio da Igreja, realizado em outubro de 2018, em Curitiba/PR.

O XXXI Concílio da Igreja, realizado entre os dias 17 e 21 de outubro de 2018 na cidade de Curitiba/PR, acolheu uma moção pedindo que o Concílio aprove um manifesto da Igreja face ao grave momento nacional. A tarefa foi delegada ao Conselho da Igreja, que entendeu a incumbência como uma oportunidade para a IECLB dizer quem é, que palavra tem a dizer e quais questões a preocupam. De forma prévia, o Conselho submeteu uma proposta de texto a Pastoras e Pastores Sinodais. Em sua reunião no dia 29/03/2019, o Conselho da Igreja finalizou a redação do documento, que recebeu também a subscrição da Presidência da IECLB.

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Cartas Pastorais

Papagaio de Pirata

Nos tempos modernos, com as mídias sociais, é cada vez mais comum observar pessoas que repassam tudo quanto é tipo de informação que recebem de outros. Muitas vezes, porém, essas informações não são verdadeiras. Essa atitude me faz lembrar dos antigos filmes de piratas em que o capitão sempre tinha um papagaio sentado no ombro. Tudo o que o capitão dizia era repetido pelo papagaio. Acontece que piratas tem a má índole de mentir e trapacear para levar vantagem em todas as situações. Isso torna o papagaio num mentiroso também.

Vemos muito desses papagaios na internet. Pessoas que dedicam muito tempo em replicar mensagens falsas. Essas mensagens, repetidas muitas e muitas vezes, passam a dar a impressão de serem verdadeiras. E aí acontece um efeito curioso: em cada compartilhamento, a mentira toma mais proporção. São as chamadas fake-news. Contudo, os que confiam no “capitão pirata”   não se atrevem a questioná-lo. Afinal, ele é quem está dando rumo ao barco, ele deve saber o que está fazendo!?! Os demais acreditam que ele esteja levando-os a um tesouro perdido, ou a um porto seguro. O problema é que esse filme nunca acaba bem. Sempre temos traições, gente sendo jogada fora do navio, tempestades que a tripulação tem que enfrentar sozinha. Apesar disso, é preciso manter o barco navegando, enquanto o capitão curte a viagem no aconchego da sua cabine.

Ora, se o barco de nossa vida está sendo conduzido por um “capitão pirata”, precisamos fazer um motim – reagir enquanto é tempo. Não podemos ficar repetindo o que nos mandam sem questionar. Pois, o destino de todo o papagaio de pirata é virar sopa na hora da necessidade. Mas quem pode, quem deveria conduzir o nosso barco? Sabemos que o nosso tesouro está em Deus. Deste modo, só a verdade pode ser repassada adiante! Pois, quem comanda nossa embarcação é aquele que diz de si mesmo: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida …” João 14.6

Curioso é que agora o ministério da educação está se prestando ao papel de inventar uma outra história para o golpe de 1964. Querem reeditar os livros didáticos para colocar uma versão distorcida dos anos de chumbo. Constatamos que a onda dos Fake News já está se institucionalizando. Os fatos históricos são desacreditados em função de uma visão conservadora da sociedade. Os mortos do regime militar, os torturados e os marginalizados clamam por reconhecimento de suas lutas, sacrifícios e dores. Todavia os papagaios de pirata não calarão a voz daqueles que são discípulos da verdade; mesmo que façam grande alarde.

Nesse sentido, o tema comunicação é uma preocupação constante da Pastoral Popular Luterana. Como comunicar bem a verdade às pessoas. Como alcançar aqueles que são colocados à margem da sociedade? De que maneira promover uma comunicação libertadora? Este site, junto com os demais meios de comunicação da PPL, quer ser instrumento de edificação da cidadania com base na verdade do Reino de Deus. Desta forma, convidamos você para interagir e colaborar no trabalho de bem informar, de compartilhar informações seguras, para que possamos resgatar a boa nova do Evangelho de Cristo em meio a sociedade. 

Marcos César Sander – Palmitos – SC