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O Parque Nacional de São Joaquim (SC) vai completar 60 anos

https://www.youtube.com/watch?v=OlDM1nl3_RY


A Rede Amigas e Amigos do Parque vai promover uma semana comemorativa com eventos virtuais para valorizar o parque e chamar atenção sobre sua importância, ameaças e desafios. Neste vídeo 🎥 que lançamos hoje você terá um gostinho do que está por vir…

👀 Confira a programação:

https://cutt.ly/60-anos-parna-sao-joaquim

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Carta Pastoral 01/2021 – Campanha da Fraternidade Ecumênica – 2021

Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor

Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade (Efésios 2,4)

09 de fevereiro de 2021.

À Diretoria do CONIC
A/c Pastor Inácio Lemke
À Secretária Executiva
Pastora Romi M. Bencke

Colegas de Ministério.

Saudamos vocês com o abraço fraterno em nome da Pastoral Popular Luterana, da IECLB. Sempre fomos incentivadores, animadores e divulgadores das Campanhas da Fraternidade Ecumênicas. As CFE foram decididamente uma voz firme em favor da unidade cristã como resposta ao chamado feito por Jesus de Nazaré e do Evangelho frente à realidade particular de cada Igreja e da conjuntura do país. A CFE-2021 nos parece especialmente importante pelos assuntos que o seu tema propõe, nesse tempo e enfrentamento à pandemia e ao distanciamento social responsável que praticamos.

Sabemos, e já experimentamos como pastoral popular, que a caminhada ecumênica é feita com muitos empecilhos e obstáculos que outros segmentos cristãos colocam, algumas vezes de forma crítica e outras vezes de forma agressiva e vulgar. Isso nunca nos fez desanimar e perder o foco ecumênico.

A PPL sempre atuou para o fortalecimento ecumênico dentro da IECLB e em suas comunidades, bem como para fora dela em suas parcerias com outras igrejas e movimentos sociais. Por isso, neste momento em que a CFE-2021 e o CONIC estão sendo atacados de forma agressiva e até leviana, em certos casos, por setores que desconhecem o ecumenismo e sua razão de ser e – com isso – alastrando cizânia em meio às Igrejas, comunidades de fé e à sociedade, vimos nos solidarizar com o CONIC e a CFE-2021. Vamos trabalhar mais ainda na divulgação da Campanha, nas suas propostas de estudo, sendo responsáveis e comprometidos com os estudos do tema, na defesa do ecumenismo e da presença imprescindível do CONIC com sua voz profética em meio a atual realidade brasileira.

Em solidariedade à CFE-2021 e ao CONIC!

Coordenação Nacional da PPL.

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CARTA PASTORAL DE NATAL

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós
cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória” (João 1.14)

Amigas e amigos,

Em 2020, inevitavelmente, vamos comemorar o Natal do menino Jesus de uma maneira muito diferente. Sim, é boa notícia de grande alegria que Deus venha até nós dessa forma tão humana, tão frágil, tão humilde, tão sem brilho, sem poder, sem aparência externa de glória e riqueza.

Neste Natal, porém, vivemos um momento trágico no país e no mundo. Há muito sofrimento ao nosso redor, muita morte e luto, muita incerteza e dúvidas sobre o que virá no ano que logo vai se iniciar. Como festejar então? Como manter a alegria do Natal, sem nos tornarmos insensíveis ou cínicos?

Cada pessoa, cada comunidade, cada grupo familiar vai dar sua resposta neste ano. E certamente vamos aprender muito, como já aconteceu durante esses últimos meses, desde março, quando a primeira pessoa faleceu no país devido à Covid-19.

Vamos nos compenetrar de que a vida está em grande perigo no país e no mundo. As vacinas em estudo e que logo estarão sendo aplicadas – assim esperamos – não serão a salvação. Disto temos que nos conscientizar. Pois, por muitos meses ainda teremos de manter os cuidados necessários para garantir a nossa saúde e a saúde das pessoas com quem convivemos e com quem repartimos vida, trabalho, estudo e futuro.

Assim, precisamos manter nossa vigilância fraterna e cidadã, sem perder o espírito do Natal que nos chega num momento tão difícil. Deus não se esqueceu de nós nem de nossa gente. Ele vem e vai nos levantar deste chão de lágrimas para que possamos compartilhar amor, cuidado, justiça e esperança.

A oração que segue vem do reformador Martim Lutero, que novamente serve para nos consolar e fortalecer, desde nossas fraquezas, sonhos e esperanças:

Ah, Senhor, Criador de todas as coisas,
Como pudeste te tornar tão pequeno e estar ali
Deitado sobre o capim, alimento de boi e de burro?
Foi isto que te agradou:
Mostrar-me esta verdade, que todo poder, honra e riqueza
Do mundo não tem nenhum valor diante de ti
E não servem para nada. [Amém] – Martim Lutero

Neste espírito de Cristo, recebam a Paz que excede todo entendimento!

Coordenação Nacional da PPL – Natal 2020

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Carta Pastoral 08/2020 em tempos de Covid-19 Mensagem da Reforma – outubro de 2020

Amigos e amigas de caminhada,
Queremos compartilhar com vocês a oração formulada pelo Jesuíta Luís Espinal (*). É uma oração que vem do meio das lutas populares na Bolívia.
Senhor,
Existem cristãos mudos, que,
Enquanto não se mexe com eles,
Ficam tranquilos, por mais que o mundo se arrebente.
Não protestam contra as injustiças,
Porque estão escravizados e foram seduzidos,
Comprados pelo medo ou pelo oportunismo.
Outros, porque nada têm como serviço.
Para eles a fé é uma coisa,
Que nada tem a ver com a vida;
Vale só das nuvens para cima …
Nós te pedimos, Senhor,
Pelos cristãos que estão em silêncio;
Que tua palavra lhes queime as entranhas
E os faça superar sua indiferença.
Que não se calem como se nada tivessem a dizer.
Senhor, sabes o que convém à tua Igreja,
Se um fervor de catacumbas
Ou a rotina de uma proteção oficial.
Dá-lhe o que seja melhor,
Ainda que seja a perseguição ou a pobreza.
Livra-nos do silêncio daquele que “boceja”
Diante da injustiça
Livra-nos do silêncio prudente
Para não nos comprometer.
Receamos ter limitado teu evangelho;
Agora já não tem mais arestas, nem espanta ninguém;
Temos pretendido convencer-nos
Que tudo é possível e tudo é permitido,

Servir a ti, privilegiar a si próprio e ignorar o próximo.
Senhor,
Livra a tua Igreja do desejo de ser igual a tudo,
Que não pareça uma sociedade a mais
Com seus donos, acionistas,
Privilégios, profissionais e burocratas.
Que tua Igreja nunca seja muda e cega
Uma vez que ela é instrumento da tua palavra
Que prega livremente
Sem rodeios nem covardias
Que jamais se cale diante dos que se escondem debaixo de peles de ovelha
Nem daqueles que se portam como lobos famintos. Amém.

Ainda nos encontramos sob os cuidados necessários para enfrentar a Covid-19, solidários aos familiares das mais de 155 mil vítimas e indignados pela postura omissa, negacionista e indiferente de parcela da população. O que nos anima é que estamos no mês da Reforma e somos contagiados pelo espírito protestante. Não nos eximimos de dar o nosso testemunho confessional como uma contribuição na diversidade de confissões cristã e religiosas nesse país. Reafirmamos o nosso serviço profético, pastoral e diaconal identificados com a cruz de Jesus de Nazaré. Que Deus nos ajude a manter a dignidade, a verdade e a sobriedade, na firme esperança da vida plena da promessa de Jesus.
Coordenação Nacional da PPL

(*) Tradução livre da oração de Luís Espinal Camps, padre jesuíta espanhol, naturalizado boliviano em 1970. Nasceu em San Fructuoso de Bages, Espanha, em 1932. Em 08/08/1968, chegou como missionário na Bolívia. Mártir da igreja na Bolívia, foi assassinado em 21 de março de 1980, na cidade de La Paz, Bolívia, por sua luta em solidariedade com os mais pobres daquele país.

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MANIFESTO PELA VIDA – PPL

Carta Pastoral 06/2020 em tempos de Covid-19

Ai dos que ao mal chamam bem; que fazem da escuridão luz,
e da luz escuridão; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!
Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!
Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para misturar bebida forte,
os quais por suborno justificam o perverso e ao justo negam justiça!
Isaías 5.20ss
Amigas e amigos da caminhada,
1. A vida está em perigo no Brasil. A vida das pessoas, dos povos da floresta, dos animais e das plantas, das matas, dos rios, do ar. Vivemos uma crise socioambiental sem precedentes no Brasil e que – na verdade – atinge toda a Casa Comum, a Pachamama dos povos andinos, a Terra sem males dos povos Guarani. É o planeta que hoje sofre as consequências das políticas genocidas do sistema que domina o mundo. Estas políticas são sustentadas pelo sistema econômico, que está nas mãos de menos de 1% de pessoas, os super ricos, e é defendido por quem está no poder político em nossos países. O governo do capitão-presidente é um serviçal deste sistema que mata e destrói. Como afirmou o Manifesto da IECLB de março de 2019: A Economia deve garantir a produção e distribuição justa dos meios de conservação e preservação da vida. […] (Mas) a cada ano aumenta o fosso que separa a parcela mais rica e a parcela mais pobre da população. Um grupo seleto de pessoas bilionárias concentra a maior parte da riqueza nacional e global.
2. Por isso é hora de ouvirmos as palavras muito atuais do Profeta Oséias: […] o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra; porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. O que prevalece é jurar falsamente, mentir, matar, furtar, e adulterar, e roubos e homicídios sobre homicídios. Por isso, a terra está de luto, e toda pessoa que mora nela desfalece, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar perecem (Oséias 4:1-3).
3. Trata-se de uma crise ética e da própria civilização humana. No Brasil, a crise põe em risco a vida de milhões de irmãos e irmãs e o próprio sentido de nação. O Brasil está vendendo sua soberania de uma forma vil e criminosa. Que futuro vamos entregar às futuras gerações? Diante de crise tão grave, que podem fazer as comunidades cristãs diante dessas ameaças à Vida? Há muitas respostas. Algumas sensatas, outras ilusórias, outras ainda eivadas de preconceitos. O testemunho bíblico é referência para nós. O desafio que nos está posto é pôr em prática aquilo que a profecia proclama: que

pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus (Miquéias 6.8). Mas, ao identificar as causas da injustiça – que no Brasil atual a pandemia só fez vir à tona com mais evidência – Isaías é ainda mais ousado: Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra (Isaías 5.8).
4. Comunidade cristã não pode conformar-se com este sistema que exclui, invade, explora, destrói a natureza, mata pessoas ao ponto de colocar em risco a vida de todo o país. Comunidade cristã que alicerça sua vida na fé do evangelho de Jesus defende a vida em todos os sentidos: das pessoas, do ambiente, do ar, das águas, das florestas, dos animais, do coração escondido da terra, como proclamam os Yanomami na Amazônia.
5. Como Pastoral Popular Luterana e, com ela, comunidades, grupos organizados de jovens, mulheres com ênfase na luta e defesa de direitos, instituições diaconais como FLD – Fundação Luterana de Diaconia, Comin – Conselho de Missão com e entre Indígenas e Capa – Centro de Apoio e Promoção à Agroecologia, nós nos fazemos presentes em muitos lugares deste imenso e sofrido país, agora enfrentando sua maior crise sanitária, com a disseminação da pandemia do coronavírus que se agrava diariamente com o desgoverno das autoridades federais, e as pressões de empresas que exigem flexibilização da economia sem condições mínimas de segurança para o conjunto da população.
6. Diante da necessidade do isolamento social e dos inúmeros cuidados que se deve tomar para sair às ruas, o desafio é nos fazermos presentes solidariamente junto ao nosso povo, em especial, no cuidado com os setores mais vulneráveis da população. Temos exercitado celebrações alternativas via redes sociais, mas não é suficiente. É urgente dar outros passos, como fazem comunidades que se organizam para fornecer cestas básicas, material de higiene, máscaras e outras necessidades a famílias atingidas pelo desemprego, pelo abandono, pela fome, pelo descaso das autoridades. O auxílio emergencial do governo foi importante, mas só saiu sob pressão e ainda de forma desorganizada, pondo em risco milhares de pessoas nas filas intermináveis da Caixa Econômica Federal.
7. É hora de reinventarmos nossa forma de vida comunitária e recriarmos o sentido da comunhão cristã, do apoio mútuo, da diaconia transformadora, do amor que se manifesta em gestos e partilha de recursos de toda ordem. O evangelho de Jesus ensina o caminho da compaixão, da misericórdia, da partilha e do perdão (Mateus 9.13; Lucas 15). O que isto nos diz hoje em meio à crise? Temos de recuperar a

dimensão profética do anúncio do reinado de Deus feito por Jesus. Ele ensinou claramente: o reino é como uma semente que alguém joga no campo e dessa semente brota uma árvore, muitas árvores e muitos frutos que vão alimentar multidões. Ele afirmou também para quem quiser ouvir: Busquem o reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais virá por acréscimo (Mateus 6.33).
8. É hora de praticarmos um dos carismas mais necessários e difíceis no momento: o carisma do discernimento, da ousadia e da ação solidária. A capacidade de discernimento é urgente diante do crescente clima fascista e de ódio que se espalha pela sociedade, infelizmente com o apoio de pessoas que se afirmam gente de fé, batizada, fiel. Mas a ação solidária – que agora mobiliza muitas pessoas em atitudes de emergência, num belo sinal de respeito pela vida e de amor fraterno – vai além disso. É preciso apostar na organização popular, como têm feito as cooperativas e associações da agricultura familiar, que nestes meses já distribuíram mais de 350 toneladas de alimentos saudáveis e gratuitos a milhares de pessoas nas cidades do país.
9. É, pois, urgente que as comunidades, os Sínodos e a Presidência da IECLB proclamem uma palavra forte, orientadora e ousada para encorajar essas ações de solidariedade nas bases da igreja e da sociedade, como fizeram mais de 150 bispos católicos na Carta ao Povo de Deus (25/07/2020). Já temos mais de 3 milhões de pessoas infectadas pelo Coronavírus e mais de 100 mil mortes. Estes são números conhecidos. Mas há muito mais gente que sofre e falece. Por isto, afirmamos que existe um clamor surdo que emerge das sepulturas – silenciosamente – e exige de nós atenção, comunhão e cuidado para com quem está vivo. É extraordinário o que as milhares de equipes de saúde vêm fazendo nos hospitais e centros de saúde por todo o país. Nossa solidariedade para com esses valorosos profissionais. Com elas lembramos as pessoas que trabalham nos serviços essenciais, mercados, farmácias, transportadores, agricultores, servidores públicos de todos os níveis, um enorme contingente de pessoas que, muitas vezes, presta serviço sem a devida proteção. Arriscam suas vidas para salvar vidas.
10. Nesse sentido, cabe um reconhecimento especial às mulheres profissionais de saúde e arrimo de família. São a maioria na linha de frente da saúde, do cuidado com pessoas infectadas em casa, dos idosos, das crianças sem escola, muitas sem emprego ou enfrentado transporte público colocando em risco a família e demais pessoas; outras tantas realizam trabalho remoto duplicando a jornada em casa, e ainda enfrentando a violência doméstica e o feminicídio. Os números oficiais são estarrecedores nesses casos.

11. O Evangelho de Jesus – que anunciamos por palavra e ação – proclama que Jesus é Vida, Luz, Pão, Água Viva, Caminho. Mas o que temos é o pão da morte a bater todo dia em nossas portas. Como anunciar a Vida de Deus num mundo que assiste a tanta morte e em que governos se escondem atrás de falsas justificativas para agir com racionalidade e compaixão por sua gente? É hora, portanto, de conversão, de mudança de pensamento e de sentido de vida, na igreja e na sociedade. E esta começa com um mea culpa que nos faça discernir o momento e a agir com mais coragem, senso de solidariedade para com quem mais sofre, com enlutados, com os mais pobres abandonados à própria sorte. Conversão na mensagem de Jesus e do Novo Testamento é ir além do pensamento, ou seja, mudar de mentalidade, de caráter, de forma de agir. É transformação na maneira de viver. É retomar o caminho noutra direção quando o que fazemos leva ao precipício e à morte.
12. É tempo de silenciar e de somar esforços com quem já arregaçou as mangas e está no campo dos desgraçados para aplacar a força que mata. E esta força não é apenas de um invisível vírus, mas vem de um conjunto de forças econômicas, sociais e políticas que desprezam a vida de nossa gente. Silêncio pela dor e em respeito aos mortos. Mas também o silêncio do medo, quando a própria vida pode estar em risco. Ainda assim, o momento exige também o grito (como no quadro de Edward Much), quando o vírus se materializa em sofrimento, morte, abandono e desprezo pela vida.
13. Como semear esperança diante de um quadro como este? Não é fácil responder, mas como discípulas e discípulos de Jesus, o Crucificado, não podemos esmorecer. Desde a nossa fraqueza e covardia, colocamos nossa confiança no Deus da Vida, no Espírito que renova a face da terra (Salmo 104), que das cinzas redime o nosso ser e nos enche de ânimo, coragem e firmeza para reacender a esperança onde ela se esvai, para erguer quem caiu, para levantar as mãos em atitude de clamor e de louvor. Não sabemos como orar, como Paulo escreveu (Romanos 8.26), mas o Espírito de Cristo intercede por nós e nos encoraja nos caminhos da justiça, da paz e do amor criativo.
Que Deus tenha misericórdia de seu povo e de sua igreja!

Coordenação Nacional da PPL – Pastoral Popular Luterana – Agosto de 2020

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Carta Pastoral 05/2020 em tempos de Covid-19

Amigas e amigos, povo das comunidades,
Iniciamos esta carta pastoral com o pedido de socorro do Salmo 102.1: “Ó Senhor, ouve a minha oração e escuta o meu grito pedindo socorro”, e assim nos dirigimos a tantos corações angustiados.
Há muitos pedidos de socorro que não estão sendo atendidos por falta das condições mínimas de uma parcela imensa da sociedade. Faltam condições mínimas no tratamento do COVID19, falta UTI disponível, falta comida, falta casa com cômodos suficientes e higienizáveis para toda a família.
Ao dirigirmos nosso olhar para as famílias, há muitos pedidos de socorro que não estão sendo ouvidos, ou nem estão sendo feitos, por mulheres que sofrem abusos pela pessoa que amam, com a qual compartilham a casa, a família, a vida.
A violência praticada contra as mulheres dentro do seu lar, que deveria ser um “lar doce lar”, não iniciou obviamente com o isolamento necessário para vencer esta pandemia que nos assola. Inúmeras estatísticas nos mostram o quanto isto é real e extremamente preocupante – aumento de 12% em 2019 comparado a 2018. Mas as estatísticas lamentavelmente também mostram que a violência de gênero aumentou de modo alarmante neste período de isolamento segundo os dados do Fórum Nacional de Segurança Pública.
Como PPL não podemos calar. Igualmente não pode se calar toda a Igreja que tem como Senhor este Jesus de Nazaré que pregou e vivenciou o amor, o carinho, a preocupação com a vida digna para todas as criaturas de Deus.
Junto ao poço de Jacó, lugar estratégico para vivenciar atitudes que libertam a mulher das leis patriarcais machistas de então, Jesus desafiou a tradição e dialogou com a mulher samaritana. A partir desta atitude ela se tornou a primeira missionária para dentro da Samaria (João 4.5-30).
Por Jesus, a mulher é missionária, discípula, profetisa seja lá em qual profissão estiver, seja lá de qual família fizer parte, seja lá qual for a sua história de vida. Nada justifica que ela seja desrespeitada, violada, espancada, estuprada, morta, como estão sendo milhares de mulheres, agora especialmente em seus lares, pelas pessoas que mais deveriam amá-las,
Mais do que nunca temos a missão de propagar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo no sentido de não nos fazermos pessoas surdas e cegas perante esta realidade. Temos o compromisso:
• de nos perguntar: o que podemos fazer?
• de encaminhar tudo o que for possível.
• de apoiar as iniciativas existentes, como os materiais distribuídos pela Secretaria Geral da IECLB em sua campanha “Por um lar sem violência”.
Finalizamos com a palavra de esperança do Salmo 102.28: “Os nossos filhos (e as nossas filhas) viverão em segurança e sua descendência terá sempre a tua proteção”.

Coordenação Nacional da PPL – junho de 2020

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Aos/Às inumeráveis

Assistam e compartilhem: “Aos/Às inumeráveis”

https://www.youtube.com/watch?v=JSyhZX-rT9M&fbclid=IwAR3-psJxj-fMEWm4foaELEqAyv9kkTx8XWPCqFwBlDfjtv-QUdz-L8SLUnQ

Canção criada a partir do poema da pastora e doutora em teologia Claudete Beise Ulrich. Compositores: Eduardo Luiz Beise Ulrich e Louis Marcelo Illenseer.

Musicistas:
Douglas Kalke, piano, percussão e baixo
Douglas Wagner, violão
Eduardo Luiz Beise Ulrich, voz
Louis Marcelo Illenseer, voz
Stefania Johnson Colombo, flauta

A história e o contexto desta canção encontra-se no texto do e-mail, partilhado pela autora do poema, nos tempos de pandemia do coronavírus.

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CARTA PASTORAL 04/2020 – Em tempos da Covid-19

Sábado de Aleluia- Tristeza, solidão e reflexão
Irmãs e irmãos das comunidades de fé,
Amigos e amigas da caminhada!

Há pouco vivenciamos o período da Paixão e da Páscoa nas comunidades cristãs. Temos tido alguma dificuldade com o Sábado de Aleluia. Este dia, que está entre a Sexta-Feira Santa e o Domingo de Páscoa, nos causa algum desconforto. Por que? Porque o tema desse dia é um Jesus de Nazaré morto. Nossa dificuldade está em compreender o por quê o tema desse dia é um Jesus de Nazaré morto. Quer dizer, a dificuldade está em suportar essa realidade nua e crua, falar dela, meditar sobre ela, interpretá-la, sem fugir para a Páscoa antes de a Páscoa chegar.
A comunidade que havia seguido Jesus estava sofrendo a realidade da sua morte sem a existência de uma perspectiva de ressurreição. Ela não tinha escolha: precisava lidar com os fatos assim como eles estavam se apresentando (cf. Lucas 24.13ss) Por isso, essa comunidade, que havia aprendido a ter esperança em dias melhores por causa daquilo que Jesus lhes havia ensinado acerca da proximidade do Reino de Deus, estava calada, abatida, frustrada, mergulhada num profundo luto. Experimentava o fim de um projeto.
Por isso, o Sábado de Aleluia é um dia de tristeza e solidão. Conta a tradição que Maria, mãe de Jesus, que na Igreja Católica era conhecida como “Nossa Senhora das Dores” por causa das dores que lhe causou a morte cruel e injusta de seu filho, recebeu também o título de “Nossa Senhora da Solidão” justamente por causa da sua amarga experiência vivida naquele sábado. Não se deve subestimar o tamanho do sofrimento causado pela solidão.
Aquele sábado também é sinônimo de caos: na cabeça e no coração das pessoas reinava grande confusão quanto ao que estava acontecendo. Como entender os fatos? Em quem acreditar? Como agir e como se comportar diante desta nova realidade?
As forças do mal que causaram todo o sofrimento vivido agora no Sábado de Aleluia eram também uma ameaça a quem havia seguido Jesus. Por isso, este dia se caracteriza também pelo medo. Medo de um destino semelhante ao de Jesus. O maior sofrimento naquele sábado foi a experiência do vazio existencial. Hoje dizemos que o sentimento de vazio existencial é aquela fase do luto em que nos encontramos como gente sozinha após o sepultamento, amargando a dor da perda definitiva de uma pessoa amada.
É importante lembrar que a comunidade que vivenciou o Sábado de Aleluia não sabia que poderia acontecer uma ressurreição, embora Jesus possa lhe ter dado alguns sinais a respeito. E mesmo ele, no alto da cruz, bradou o grito de angústia; “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” (Mateus 27.46; Marcos 15.34). Da experiência daquele sábado não faz parte o conhecimento de uma mudança da realidade dada. Por isso, trata-se de uma situação sem perspectivas de solução.
Quando falamos de uma situação sem perspectivas de solução, estamos falando de uma situação de cruz. Situações de cruz continuam acontecendo hoje também. Os sábados de aleluia continuam sendo experiência real para muitas pessoas. Por isso, não podemos ignorar a cruz ou reduzir o tamanho da sua realidade. Aí reside a nossa dificuldade na Semana Santa: temos dificuldade de “estacionar” no Sábado de Aleluia. É difícil suportar o peso desse dia. Muito apressadamente passamos a apontar para a Páscoa. É como dizer: Sim, há sofrimento, mas logo vai passar. A Teologia da Cruz pergunta: e se não passar? Ou se demorar muito a passar? Ou ainda se alguém de nossas relações próximas, ou nós mesmos, formos afetadas e afetados irreversivelmente pelo mal?
Uma pergunta importante é como a comunidade de Jesus sobreviveu ao Sábado de Aleluia. Como ela lidou com a cruz? Ora, em pleno Sábado de Aleluia, ou em função dele, aconteceram três fatos nos quais podemos nos inspirar conforme a narrativa dos evangelhos: 1) a comunidade de Jesus, representada pelas mulheres (Marcos 15.40-41 e 16.1), em plena crise, em plena situação de medo, solidão, caos e vazio existencial, guardou o sábado de acordo com o mandamento da fé judaica, e descansou (Lucas 23.56); ou seja, exercitou a espiritualidade; 2) essas mesmas mulheres que já haviam servido Jesus durante o seu ministério, praticando a diaconia (Marcos 15.40-41), continuaram a exercitar a solidariedade, comprando aromas para embalsamar o Jesus morto e lhe oferecer um sepultamento digno, uma prova de amor ao mestre; 3) José de Arimatéia, um homem vinculado ao sinédrio, ao poder religioso, que era discípulo de Jesus, se ofereceu como voluntário para sepultar o corpo do mestre.
A comunidade de Jesus conseguiu fazer a ponte entre a Sexta-Feira Santa e o Domingo de Páscoa, praticando a solidariedade, mesmo que em relação a uma pessoa falecida. Esta diaconia estava firmemente alicerçada na espiritualidade que ela aprendeu com seu mestre, a espiritualidade do amor e do serviço gratuito.
Como enfrentar o Sábado de Aleluia em tempos de Covid-19, que trouxe os sofrimentos da solidão, do caos, do medo e do vazio existencial? Para nós da Pastoral Popular Luterana isto significa o desafio de “estacionar” nessa realidade e enfrentá-la com os recursos que nos são dados, sem fugir apressadamente para soluções milagrosas. Para esse enfrentamento, apeguemo-nos firmemente ao exercício de nossa espiritualidade através da oração, da intercessão, da meditação, da leitura bíblica, buscando consolo e fortalecimento na Palavra de Deus. Estaremos, assim, descansando em Deus. E, a partir daí, praticar a solidariedade em relação às pessoas que precisam de ajuda, como fizeram as mulheres e José de Arimatéia. Que estes tempos de cruz nos ensinem, de forma renovada, a amar a Deus e ao próximo como Jesus ensinou ao seu grupo de discípulas e discípulos.

Coordenação Nacional da PPL – 28 de abril de 2020

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Carta Pastoral 03/2020 – Em tempos da Covid-19

Irmãs e irmãos das comunidades de fé,
Amigas e amigos da caminhada,

“E disseram um ao outro: Porventura não nos ardia o coração,
quando ele pelo caminho nos falava,
quando nos expunha as Escrituras?”
Lucas 24.31
Estamos há mais de um mês nesses estranhos dias de isolamento social, com muitas pessoas em quarentena, enquanto outras infelizmente ainda não entenderam sua importância. Quarentena é quando a pessoa ou um grupo de pessoas está sob suspeita de haver contraído o vírus e passa a estar em período de observação afim de monitorar se irá positivar para o COVID-19 ou não. Com o número crescente de casos no país, é extremamente importante aceitar o distanciamento social e os cuidados de higiene para não entrar em quarentena, evitar contrair a doença e disseminá-la por descuido.
Se em 2019 o conselho era desligar-se das telas de celulares e computadores, agora é a virtualidade que nos conecta a todos e tudo, possibilitando contatos para além do isolamento. Passou a Semana da Paixão, passou o Domingo de Páscoa, mas o isolamento social ainda vai continuar, e perguntamos: até quando?
Nas cartas anteriores a coordenação da Pastoral Popular Luterana- PPL refletiu sobre como entender esse tempo que irrompeu e o que fazer? De fato, não há alternativa: é preciso ouvir o que dizem as autoridades de saúde, a Organização Mundial da Saúde, o que diz a ciência médica e sanitária. E não “dar ouvido” às notícias falsas que entram em nossos celulares, algumas vezes por meio de “mensagens amigas”. Chamamos atenção para a seriedade, também aos efeitos deste vírus, que destrói confiança e semeia discórdia. É preciso sempre se perguntar pelo fundamento daquilo que nos chega. Vale a pena pesquisar o assunto na internet para uma busca sobre a notícia, para averiguar a veracidade do que nos chega, às vezes, sem que tenhamos dado autorização.
Estamos vivendo o tempo pós crucificação e pós Ressurreição, a Páscoa da libertação. No tempo litúrgico das igrejas ecumênicas, é o período em que Jesus começa a aparecer para discípulos e discípulas, mostrando a veracidade da notícia que as mulheres, em primeira mão, divulgaram no Domingo de Páscoa: “Ele vive! Ele Ressuscitou!” (Lucas 24. 1-12). Não era fake news. Não era notícia falsa, como os discípulos pensaram a princípio: “Tais palavras lhes pareciam como delírio, e não acreditaram nelas” (Lucas 24.11).
Em quem acreditar? Em muitos momentos podemos nos sentir perdidos como o casal que tomou o caminho para Emaús, Cléopas e sua esposa, desanimados com o que havia acontecido com seu amado mestre Jesus. Eles haviam feito planos, seguiram aquele que era para ser o grande transformador de vidas, o libertador do seu povo, e, de repente, tudo mudou, chega a morte violenta, a humilhação, a derrota. Completamente frustrados, sem ânimo ou forças pra continuar, o casal volta para sua terra e se põe a desfiar sua frustração radical: “Nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam” (Lucas 24.21).
Enquanto ruminavam sua desilusão, Jesus se aproximou deles, estava ali, ao seu lado, caminhando junto e escutando suas aflições, perguntando, procurando compreendê-los, mas ao mesmo tempo fazendo com que refletissem à luz das Escrituras. Nem Cléopas, nem a esposa o identificam, estão por demais imersos em suas angústias e luto. Quando chegaram a Emaús, Cléopas e a esposa convidam o peregrino, aquele caminhante que os acompanhara pelo caminho para entrar e cear com eles. Não haviam ainda percebido quem ele era. Ora, uma parte importante dos ensinamentos do mestre eles haviam guardado com carinho: a hospitalidade. E foi este aprendizado que lhes ajudou a “abrir os olhos” naquela noite inesquecível. Foi somente no partir do pão, quando Jesus deu graças, que eles o reconheceram. Aí lembraram que, durante a caminhada, os seus corações já haviam ficado aquecidos durante a conversa, mas sem o entendimento pleno. O encontro com Jesus Ressuscitado fez com que o casal decidisse retornar a Jerusalém. Todo o medo e a frustração que sentiam se desvaneceram, criaram coragem e partiram de volta para a comunidade dos irmãos e irmãs. Foram resolutos se reunir com os demais seguidores e seguidoras de Jesus e, conversando, conseguiram se animar, cada qual contando sobre as notícias da ressurreição. Então era verdade!
A recomendação, portanto, ainda vale para nós hoje: conversar sobre o que aflige, o que nos causa tristeza, dor e luto. Usar, sim, a tecnologia para nos conectar e fazer boas trocas, conversar para reacender as esperanças, animar-nos mutuamente. Em casa, dar atenção especial para as crianças, jovens e as pessoas idosas. Amorosidade – esta talvez seja a palavra que pode nos ajudar muito nesses dias. É com solidariedade e verdadeira comunhão que seremos capazes de sobreviver ao isolamento social e aos efeitos deste sobre nossa vida financeira e profissional.
Na comunhão do diálogo e das trocas surgem as boas notícias que devem ter mais força que as más e falsas notícias. Depois de tudo, não será mais possível voltar a ser como antes, porque estaremos para sempre marcados pelo ano em que um vírus, incapaz de ser abatido por mísseis, colocou de joelhos nações e questionou valores, sonhos, planos, estruturas familiares e relações. Não seremos mais os mesmos. Não podemos querer que “tudo volte a ser como antes”. Depois de tudo o que a pandemia nos está trazendo, devemos ser melhores. Temos que tentar! Que o Deus da Vida nos ajude!
13 de abril de 2020.

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Cartas Pastorais

Carta Pastoral 02/2020 – Paixão e Páscoa em Tempos de Covid-19

Irmãs e irmãos das comunidades de fé,
Amigas e amigos da caminhada,
“Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem crê em mim, ainda que morra viverá.
E todo o que vive e crê em mim
Não morrerá eternamente”.
Palavras de Jesus – João 11.25s

Nesses dias enviamos a vocês uma primeira Carta sobre o momento difícil que vivemos no mundo e, particularmente, em nosso país. A situação provocada pela pandemia do vírus Covid-19 ou coronavírus toma conta do mundo inteiro e se aprofunda dia a dia. Jamais se viu algo parecido. Quem conhece a história recente, vem afirmando que mesmo a Gripe Espanhola (que na verdade era norte-americana e foi levada à Europa no final da Primeira Guerra, vindo de lá para o Brasil) não chegou nem perto do que estamos assistindo hoje. Temos de assumir nossa parte e ficar em casa o mais possível. Certas estão as comunidades e colegas que transmitem cultos e meditações online ou via Youtube, Whatsapp e outros meios, assim procurando animar e confortar as pessoas das comunidades e quem mais tem acesso a estas mensagens.
As consequências da pandemia, como a PPL escreveu, serão gerais e irrestritas. Vão atingir a vida das pessoas, a economia como um todo e mesmo a situação política do mundo. O que virá depois da pandemia, ninguém pode ainda prever com segurança. Mas o mundo como o conhecemos não será mais o mesmo. O que sabemos é que muitas pessoas estarão chorando seus mortos, haverá luto, pranto e ranger de dentes, como se lê na linguagem bíblica. E diante deste quadro – que não tem nada de alarmista, mas procura ser sensato e verdadeiro – a nós como pessoas e comunidades de fé se coloca um desafio enorme. Será que estamos preparados para assumi-lo?
Estamos no tempo da Paixão de Jesus e de sua Páscoa. A carta anterior termina afirmando que não estamos sós neste momento de tanta angústia, incerteza e dor. O Deus vivo não nos abandona e certamente ouve nossos gritos. A Páscoa nos faz ver – mesmo entre as brumas – “sementes de esperança por toda parte”. Isto nos consola e
nos fortalece. E nos convoca para viver solidariedade onde, como e com quem pudermos, mesmo quem está em reclusão.
Hoje queremos chamar sua atenção para um aspecto desse tempo litúrgico e de fé que não pode nos escapar neste momento. E esta observação é crucial para nós, pois faz parte do fundamento da nossa fé e da nossa vida comunitária e cidadã. Não existe Páscoa sem Cruz, não temos acesso à Ressurreição sem passarmos – com Jesus – por sua Paixão e Morte (1 Coríntios 1.23s + Romanos 7.23ss). Se invertemos a ordem ou desconsiderarmos a crueldade da cruz que matou um Inocente, podemos ficar a meio caminho e não saberemos tirar as consequências mais radicais de nossa fé no Ressuscitado. É que somente se soubermos caminhar com Ele até sua cruz, como fizeram as mulheres suas discípulas, é que saberemos avaliar e nos comprometer com a libertação que significa aquela manhã maravilhosa quando Maria anunciou aos seus amigos: Ele ressuscitou! Ele verdadeiramente ressuscitou!
No momento em que tanta gente começa a ser contaminada pelo vírus, quando equipes de saúde se mobilizam em todos os lugares para atender as pessoas, recebê-las nos hospitais e mesmo em tendas improvisadas; no momento em que talvez tenhamos de tomar medidas muito graves para salvar vidas, como garantindo salários, alimento e teto para os sem-teto, das pessoas de fé se espera em primeiro lugar empatia, compaixão, capacidade para assumir com as pessoas suas dores, seus temores, suas súplicas. E assim, com o coração sangrando, mas solidário e amoroso, encontraremos na caminhada em meio a este verdadeiro vale da sombra da morte (Salmo 23.4 – nunca como nestes dias foi tão verdadeiro o conteúdo deste Salmo), a força que o Espírito de Deus nos dará para suportar nossa fraqueza e desconsolo. A Páscoa virá, certamente, nisso cremos e por isto entregamos nossa vida, bens, inteligência e solidariedade. Pela Páscoa de Jesus saberemos assumir os compromissos que a hora urgente nos cobra. Mas antes de ela chegar, saibamos caminhar com as pessoas neste cotidiano de luta, de busca, de sofrimento, de anseios por paz, saúde e justiça.
Que a Paz do Deus Vivo esteja com vocês!

Paixão e Páscoa de 2020.