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Lanceiros negros: precursores da liberdade

A seta que aponta a liberdade
nos mostra que nunca é de varde
travar uma boa peleia.
Lutar pela verdade
e revisitar a história,
mantendo viva a memória
das lutas, ideais e glórias.
Dos bravos negros combatentes
e de sua ímpar coragem;
de no perigo e em desvantagem,
sonhar com igualdade de toda gente.

Pra falar com sinceridade:
foi num ato cruel e covarde,
em que se fez a traição.
Tombaram os lanceiros negros
manchando de vermelho este chão.
Desarmados e sem defesa
sentiram a frieza
dos que não são valentes.
Daqueles que se escondem atrás de um brasão
e não sabem que humanidade
é direito também do peão.

O acordo estava feito.
Não importava se era justo, correto ou direito.
Com alguns nacos de charque a mais
contentaram-se os estancieiros.
E para estes tanto faz
a que preço venha a paz,
desde que o lucro venha primeiro.
Os generais cederam ao pleito
do Império e do poder financeiro
e entregaram em porongos
à morte os negros guerreiros.

As promessas não puderam ser cumpridas,
de libertar da dura cerviz da lida
os que lutaram por igualdade.
Suas lanças, antes bem-vindas,
deles foram tiradas.
Encurralados, numa emboscada,
tiveram suas vidas ceifadas.
Assim no fim da revolução se despresa,
o mais nobre ideal farrapo.
E a liberdade tão sonhada,
pega de surpresa, se quedou aos pedaços.

Hoje continua o menosprezo.
Muitos vivem até com medo
dos que pouco ou nada têm.
Mas, a fé nos põe no curso
de uma pátria mais além.
Sem rico ou pobre, negro ou branco.
Sem migalhas nem segredos.
Sem traição, violência e enredo
que nos prendam ao que a alguns convém.
Para que nos lembremos do brado:
“Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo”.

P. Marcos Cesar Sander