Categoria: Cartas Pastorais
CONTRIBUA COM A PPL
“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração … Deus ama a quem dá com alegria”. 2 Co 9.7
Falar de dinheiro é necessário em todos os lugares. Também é necessário na Pastoral Popular Luterana. A PPL se mantém a partir da contribuição de seus filiados e simpatizantes. Ao contribuir com a Pastoral você ajuda na organização e articulação de projetos que defendem a vida em abundância que Cristo quer nos dar. Nesse sentido, as causas da PPL visam defender a cidadania, apoiando as lutas pela garantia dos direitos conquistados pela população. Hoje, mais do que nunca é preciso agir na defesa da justiça em favor das minorias desamparadas.
“A pastoral popular tem sua origem na luta de libertação na América Latina, onde o povo reconhece a atuação de Deus na história pela prática da justiça. Esta sua origem também define o seu público e tarefa específica que é o cuidado para com aqueles/as que se encontram em situação de fragilidade devido a desigualdade social e de todas as demais consequências de tal desigualdade. A pastoral popular eficiente é aquela que, conforme Jesus fez, consegue ler e interpretar a sociedade do seu tempo, a fim de detectar os problemas que fazem com que o povo sofra. E, a partir de então, sejam denunciados, tendo em seu horizonte a mudança – a realização da justiça.”
Desta forma, nos movemos como agentes de transformação, a partir do Evangelho, no meio do povo. Buscamos empoderar as lutas de mulheres e homens no resgate da sua dignidade, enquanto imagem e semelhança de Deus. Para alcançar esse objetivo promovemos cursos de formação cidadã, estudos bíblicos, encontros de trabalho e articulação, inserção junto aos movimentos populares, fomentamos discussões sobre temas importantes para a caminhada da Igreja, refletimos sobre a diversidade, realizamos celebrações pela vida e militamos junto à sociedade civil organizada por justiça e paz. Pois, PPL é testemunho e ação! E, nesse sentido, somos impulsionados por um olhar ecológico de cuidado para com toda a criação, de forma especial pelos mais fragilizados e excluídos.
Não é fácil manter os trabalhos, sensibilizar e realizar projetos, quando não se conta com muitas fontes de recurso. Reconhecemos o importante apoio da IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, através de projetos direcionados. Contudo, os recursos não são suficientes para manter a estrutura e atuação. Assim como qualquer entidade, temos uma infinidade de custos e uma grande demanda de trabalhos por serem abraçados. E é somente assim, com a luta, contribuição e empenho de todos que poderemos construir uma sociedade justa, digna e igualitária.
Como diria Lutero:
Fé e amor perfazem a natureza do cristão. A fé recebe, o amor dá; a fé leva a pessoa a Deus, o amor a aproxima das demais. Através da fé ela aceita os benefícios de Deus, através do amor ela beneficia seus semelhantes. M. Lutero
Este é o “espírito” da PPL!
Visite nosso site e conheça alguns trabalhos que estamos desenvolvendo Brasil afora. Auxilie financeiramente para que nosso trabalho possa se aprimorar e se tornar instrumento cada vez mais efetivo na luta pela libertação do povo.
Contribua com a Pastoral Popular Luterana – PPL
Doe qualquer valor depositando na conta da Caixa Econômica Federal.
Ag 1080
Operação 013
(Conta poupança) 43422-2
Identifique seu depósito como doação.
Grata: Pastora Neida Inês Altevogt Sander
Tesoureira da PPL
A Reforma da Previdência vai atingir a todos os membros da IECLB e colocar em risco o amparo na velhice. Compreendemos que precisamos convocar a todos/as na igreja para refletir, debater e se manifestar. Sindicatos e movimentos populares estão conclamando para lutar contra a retirada de direitos do povo. Protestemos!
Com a reforma o futuro fica incerto. Em caso de desemprego o/a cidadão/ã não conseguirá contribuir. Serão mais anos trabalhando para completar o tempo de serviço. Com mais idade, mais doenças. Conforme os anos avançam, menos chance de conseguir emprego.
Resultado: a aposentadoria vem mais tarde e a pessoa fica com menos dinheiro e empobrece.
Qual o efeito da dessa “reforma”:
1. A aposentadoria integral será para uma minoria que tenha capacidade de contribuir por 40 anos.
2. A aposentadoria parcial, com valor rebaixado (60% da média de todas as contribuições) será inacessível para mais de 35% dos brasileiros, que nem sequer conseguem comprovar 20 anos de contribuição.
3. O reajuste dos benefícios deixaria de ser corrigido pela inflação.
4. A idade mínima de 62/65 anos poderá ser de 64/67 em 2033, pois sempre que a expectativa de sobrevida se elevar um ano, a idade mínima também subirá.
5. Na Previdência Rural, a idade mínima da mulher sobe de 55 para 60 anos e o tempo de comprovação da atividade rural é substituído por tempo de contribuição durante 20 anos;
6. A “reforma” restringe o acúmulo de mais de uma aposentadoria e pensão, sendo que a pensão fica restrita a 60% do valor.
Num sentido mais amplo, vemos um verdadeiro atentado contra a cidadania. Direitos sobre direitos, conquistados com muita luta pelo povo trabalhador, estão sendo usurpados pela classe dominante. O desmonte da Cidadania começa a ocorrer com o Golpe civil-militar-emprearial de 64 e a luta contra essa ditadura gestou a Constituição de 88 que consolidou muitos direitos do povo brasileiro. A partir do período neoliberal dos anos 90 os governos Collor e FHC tentaram desmontar os direitos conquistados pela Constituição de 88. Finalmente o Golpe militar-jurídico-empresarial-midiático-parlamentar de 2016 retomou o desmonte dos direitos da Constituição de 88 ao congelar pela PEC 55 os recursos da saúde, educação e assistência social por 20 anos e não mais permitir o aumento do salário mínimo acima da inflação, além da reforma trabalhista que desmontou a CLT e a reforma da previdência quer coroar esse desmonte de direitos do povo brasileiro para garantir a taxa de lucros dos empresários e principalmente dos banqueiros.
Compreendendo a gravidade dessa situação, conclamamos a todos para que se informem e reajam nas mobilizações nas ruas a essa proposta de reforma da previdência e pressionem os políticos (vereadores, prefeitos, deputados) para se posicionar contrários a esse desmonte de direitos e nunca mais votem nos deputados que apóiam essa reforma. Somamos as nossas preocupações àquelas já expressas no Manifesto da IECLB: Nosso Compromisso é o Evangelho (http://www.luteranos.com.br/textos/manifesto-da-ieclb-nosso-compromisso-e-o-evangelho).
Gunter Adolf Wolff – Pastor Lobo
MULHERES ANDANDO PELA BÍBLIA
Juntando retalhos e construindo sua história.
7° Encontro de Mulheres da PPL
28.04.2019 – Tuparendi\RS
Viemos de muitos lugares. Trouxemos muita história para partilhar. Muitas de nós já haviam participado dos outros seis encontros anteriores, e até mesmo de outros muitos encontros da PPL de décadas atrás, encontros de celebração, de motivação e de conscientização.
Desta vez fomos ao encontro de chapéu na cabeça, do jeito que nossas mães e avós iam para a roça. Acenamos com o chapéu na mão, ao ritmo de canções de louvor. Tiramos o chapéu para a cruz do Jesus ressurreto, pedindo por piedade pelo nosso Brasil tão cheio de ódio e violência.
Também fomos desafiadas a trazer um retalho de alguma roupa que passou por nossa vida. Fomos, portanto procurar nas nossas gavetas, lugares onde guardamos os retalhos da nossa história. Algumas de nós fomos procurar nas gavetas de nossa irmã, mãe, avó. E encontramos.E trouxemos. Levamos de volta para casa um outro retalho de alguma outra história de mulher, que foi enfeitando o nosso chapéu. É simbólico. Mas é comunhão. E foi muito, muito bom!
A teóloga Anna Maria Rizzante nos conduziu num magnífico alinhavar de retalhos, onde retalhos bíblicos foram se costurando aos retalhos da nossa história de mulheres deste século. “Somos feitas de retalhos: em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma re-leitura, uma descoberta; dos rasgos, nascem novas costuras, das sobras descartadas, novos tecidos e roupas. Coragem de ousar e pensar, fazer o novo, o diferente, o que serve e alimenta a vida, todas as vidas.”
(Anna Maria Rizzante e Sandro Gallazzi).
Muito obrigada à todas as pessoas que entraram com o seu tempo, a sua dedicação e o seu carinho na organização deste 7° encontro.
Assim somos sempre mais PPL!
Assim a nossa fé vai colocando sempre mais os pés no chão!
E desde já convido para o 8° encontro no dia 29 de março de 2020 na Comunidade Evangélica de Erval Seco, Sínodo Uruguai.
Pastora Emérita Louraini Christmann (Pastora Lola)
Manifesto IECLB
Compartilhando …
Manifesto da IECLB: Nosso compromisso é o Evangelho
http://www.luteranos.com.br/textos/manifesto-da-ieclb-nosso-compromisso-e-o-evangelho
1. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) é Igreja de Jesus Cristo no país. O alicerce que sustenta essa Igreja é o Evangelho de Jesus Cristo, manifestado nas Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos (Constituição da IECLB, Art. 1º e 5º). Como Igreja fundamentada no Evangelho, a IECLB deve seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e prestar contas, em primeiro lugar e acima de tudo, ao Senhor da Igreja.
2. A Igreja de Jesus Cristo tem a tarefa de ser sal e luz do mundo (Mateus 5.13-16). Este é um chamado para fazer a diferença. Mas o que significa tudo isto: ser sal, luz e fazer a diferença? A IECLB entende esta tarefa nos seguintes termos: propagar o Evangelho de Jesus Cristo; estimular a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária; promover a paz, a justiça e o amor na sociedade; participar do testemunho do Evangelho no País e no mundo (Constituição da IECLB, Art. 3º).
3. Propagar o Evangelho é anunciar aquilo que Jesus Cristo proclamou: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependam-se e creiam no evangelho” (Marcos 1.15). Propagar o Evangelho é também anunciar o que Jesus Cristo fez por nós: Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou (1 Coríntios 15.1-4). Aquilo que Jesus proclamou e aquilo que ele fez por nós constituem o Evangelho que anunciamos. O anúncio de Jesus teve consequências em sua época e tem implicações em nosso contexto. Qual é o efeito do Evangelho nos dias de hoje?
4. O Evangelho tem consequências em todos os âmbitos da vida. Não é possível separar aquilo que é anunciado na Igreja daquilo que se vivencia no dia a dia: “Ao SENHOR pertence a terra e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam” (Salmo 24.1). Deus é o Criador de tudo e ocupa todos os espaços. É por isto que, na compreensão luterana, a Igreja, a Economia e a Política são consideradas ordens da Criação de Deus. Deus efetiva a sua vontade por meio da Igreja, da Economia e da Política, e cada pessoa é chamada a atuar com os dons dados por Deus nestes três âmbitos da vida. Dessa forma, a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária terá como efeito a promoção da paz, da justiça e do amor na sociedade.
5. No sentido bíblico, a paz não se caracteriza somente pela ausência de guerras e conflitos. Paz acontece quando há bem-estar espiritual, físico, social, político e econômico. Infelizmente, a sociedade brasileira não se destaca pela vivência dessa paz. Não há paz na economia, não há paz na política e não há efetivação constante da justiça. Parece que estamos na mesma situação descrita pelo profeta Isaías: “Não conhecem o caminho da paz, nem há justiça nos seus passos” (Isaías 59.8). A partir do que se justifica esta percepção tão negativa?
6. A Economia deve garantir a produção e a distribuição justa dos meios de conservação e preservação da vida. Entretanto, percebemos muita concentração de bens e renda, exploração de mão de obra, desequilíbrio nas relações, esgotamento e degradação dos bens naturais. A cada ano aumenta o fosso que separa a parcela mais rica e a parcela mais pobre da população. Um grupo seleto de pessoas bilionárias concentra a maior parte da riqueza nacional e global. A voz profética continua atual: “Ai dos que ajuntam casas e mais casas, reúnem para si campos e mais campos, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra!” (Isaías 5.8).
7. Nós confessamos que Deus fez tudo o que existe. Aos olhos de Deus, toda a Criação é muito boa (Gênesis 1.31). Deus nos deu habilidades, capacidade criativa e responsabilidades. Como imagem e semelhança de Deus, deveríamos cuidar da Criação da mesma forma que Deus cuidaria (Gênesis 1.27; 2.15). O desmatamento, a poluição, o consumo excessivo e o uso desenfreado de agrotóxicos, evidenciam justamente o contrário. A liberação de agrotóxicos, já proibidos em outros países, traz consequências nocivas para a saúde humana e para a vida de outros seres criados por Deus. Os crimes ambientais de Mariana e Brumadinho chocaram pela destruição e violência. Sustentamos que agências reguladoras e órgãos ambientais devem exercer fiscalização rigorosa, sem conivência com interesses econômicos. Reiteramos a necessidade urgente de reduzir emissões dos gases que causam o efeito estufa. Reivindicamos ações de saneamento para diminuir os efeitos do esgoto. Precisamos desenvolver, em nossas casas e em nossas comunidades, ações de cuidado com o planeta. Se não agirmos, as gerações futuras sofrerão muito mais as consequências da nossa capacidade destrutiva e do descaso com o meio ambiente.
8. Entendemos que a função da Política é organizar a vida em sociedade e promover a justiça. Nossa democracia se fragiliza quando, em lugar do bem comum e da justiça social, prevalecem interesses pessoais e de grupos econômicos. Há dificuldade em consolidar políticas públicas que garantam a universalização do acesso à educação e saúde, assegurem o cuidado com o meio ambiente, o acesso a alimento saudável, o direito a uma aposentadoria digna. A prática da corrupção, que não é exclusividade da política, impregna o sistema político. Não havendo punição adequada, a corrupção acaba sendo vista como prática que “vale a pena”. Pessoas desempregadas, trabalhadoras e empresárias, comprometidas com princípios éticos do bem comum, são as que mais sofrem com o desvirtuamento político. Percebemos que também o sistema judiciário precisa ser aprimorado e funcionar imparcialmente, de acordo com o direito e as normas constitucionais.
9. Nos preocupa de forma especial o assunto da previdência social. Quem trabalha tem direito a aposentar-se de forma digna. Reconhecemos que é necessário reformar o sistema previdenciário para garantir sua sustentabilidade, mas defendemos que sejam observadas as diferentes análises da situação da previdência, que sejam cobradas as dívidas astronômicas e que a distribuição dos benefícios seja justa. A proposta de reforma previdenciária diminui benefícios, mas não mexe em privilégios de certas classes. Ela também não considera as diferenças entre profissões e as expectativas de vida regionais. É imprescindível mais transparência sobre a aplicação dos recursos para sustentar a previdência social. Precisamos nos unir para além das diferenças partidárias e de interesses privados, buscando o bem comum e amparando especialmente as pessoas mais necessitadas.
10. Os índices de violência no Brasil são assustadores. Com cerca de 60 mil homicídios por ano, nossos números se assemelham a regiões em situação de guerra. Os homicídios afetam especialmente pessoas jovens e negras. São assustadoras e extremamente graves as situações de pedofilia e abuso de crianças. A taxa de feminicídios (assassinato de meninas e mulheres) no Brasil é a quinta maior do mundo. Cresce a violência contra povos indígenas e a violência baseada em discriminação por orientação sexual. Sofremos também com a intensa sensação de insegurança, tanto nas cidades, como nas localidades rurais. Atividades pessoais e comunitárias muitas vezes são limitadas pelo medo. Os governos têm falhado sucessivamente no combate ao narcotráfico e à criminalidade. Armas são fabricadas para matar. A posse de armas não soluciona o problema da segurança pública, que é uma obrigação do Estado. Além de enfrentar as consequências da violência, é preciso perguntar pelas suas causas e se engajar em ações que sustentam a vida. Jesus Cristo, o Príncipe da Paz, chamou de bem-aventuradas (felizes) as pessoas que promovem a paz (Mateus 5.9). Esta paz pressupõe a prática da não violência. A fé e a esperança cristã nos comprometem a buscar um mundo com menos armas, com mais paz e mais vida (Isaías 2.4).
11. A IECLB defende a liberdade de expressão, mas ela não pode ser confundida com mentira, calúnia, ódio, discriminação e apologia à violência. As polarizações se manifestam no cenário político e geram tensões nas relações sociais. Repudiamos e condenamos discursos e práticas de ódio, de violência, de racismo, de homofobia. Muitas vezes, perfis falsos e robôs estão na origem de mensagens que alimentam discórdia, intolerância e violência. Falsidades são repetidas tantas vezes até que sejam tomadas por verdades. A expressão fake news suavizou as consequências terríveis da mentira. Não podemos esquecer que o diabo é o pai da mentira (João 8.44) e que o compromisso cristão é com a verdade e a justiça (Efésios 6.14). O oitavo mandamento ordena não falar mentiras. Para cumpri-lo, de acordo com Martim Lutero, é necessário dizer a verdade e contradizer a mentira onde for necessário.
12. Ao apontar para os graves problemas da nossa sociedade é necessário falar do pecado humano, que está na origem de tantos males que experimentamos, também na Igreja. Por isto, o anúncio do Evangelho requer o chamado ao arrependimento: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Cada pessoa precisa ser confrontada com as palavras de Jesus: “arrependam-se e creiam no evangelho”. Arrepender-se significa reconhecer que uma maneira de pensar e de agir está incorreta e que uma mudança, uma conversão, é necessária. Confiamos que “mediante o arrependimento, Deus afoga em nós o pecado e, através do perdão, nos faz ressurgir para uma nova vida de fé e amor” (Nossa Fé – Nossa Vida).
13. Pela ação do Espírito Santo, o Evangelho transforma vidas e habilita a produzir bons frutos. Por isto não podemos deixar de mencionar alguns sinais que percebemos na IECLB. Há práticas diaconais e parcerias com movimentos sociais engajados na busca pelo bem comum. Há grupos que se reúnem em torno de causas ambientais e programas que incentivam a agroecologia. Há preocupação com a justiça de gênero e reflexão ponderada sobre a sexualidade humana. Há pessoas que se reúnem para promover a cultura da paz e empreendedoras e empreendedores que se guiam por princípios éticos. Afirmamos a integridade da vida e a defesa dos direitos humanos fundamentais para todas as pessoas. Assumimos a visão de ser Igreja reconhecida pelo cuidado com a Criação de Deus. Temos compromisso com a educação integral que capacita para o agir socialmente responsável. Em toda a IECLB, pessoas se reúnem em culto e, a partir da comunhão com Deus e com outras pessoas, se dispõem a servir. Mas estamos fazendo tudo aquilo que está ao nosso alcance? Podemos fazer mais?
14. Como pessoas cristãs de confissão luterana, reconhecemos que o Estado é laico e que a sociedade brasileira deve ser regida pela Constituição Federal. Mas, a partir do Evangelho, temos um chamado para ser sal e luz em nosso país, seguindo os passos de Jesus. Não importa o tamanho e o número de nossas comunidades, nós podemos e precisamos fazer a diferença!
Porto Alegre, 29/03/2019
Presidência e Conselho da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
Manifesto elaborado por incumbência do XXXI Concílio da Igreja, realizado em outubro de 2018, em Curitiba/PR.
O XXXI Concílio da Igreja, realizado entre os dias 17 e 21 de outubro de 2018 na cidade de Curitiba/PR, acolheu uma moção pedindo que o Concílio aprove um manifesto da Igreja face ao grave momento nacional. A tarefa foi delegada ao Conselho da Igreja, que entendeu a incumbência como uma oportunidade para a IECLB dizer quem é, que palavra tem a dizer e quais questões a preocupam. De forma prévia, o Conselho submeteu uma proposta de texto a Pastoras e Pastores Sinodais. Em sua reunião no dia 29/03/2019, o Conselho da Igreja finalizou a redação do documento, que recebeu também a subscrição da Presidência da IECLB.
Papagaio de Pirata
Nos tempos modernos, com as mídias sociais, é cada vez mais comum observar pessoas que repassam tudo quanto é tipo de informação que recebem de outros. Muitas vezes, porém, essas informações não são verdadeiras. Essa atitude me faz lembrar dos antigos filmes de piratas em que o capitão sempre tinha um papagaio sentado no ombro. Tudo o que o capitão dizia era repetido pelo papagaio. Acontece que piratas tem a má índole de mentir e trapacear para levar vantagem em todas as situações. Isso torna o papagaio num mentiroso também.
Vemos muito desses papagaios na internet. Pessoas que dedicam muito tempo em replicar mensagens falsas. Essas mensagens, repetidas muitas e muitas vezes, passam a dar a impressão de serem verdadeiras. E aí acontece um efeito curioso: em cada compartilhamento, a mentira toma mais proporção. São as chamadas fake-news. Contudo, os que confiam no “capitão pirata” não se atrevem a questioná-lo. Afinal, ele é quem está dando rumo ao barco, ele deve saber o que está fazendo!?! Os demais acreditam que ele esteja levando-os a um tesouro perdido, ou a um porto seguro. O problema é que esse filme nunca acaba bem. Sempre temos traições, gente sendo jogada fora do navio, tempestades que a tripulação tem que enfrentar sozinha. Apesar disso, é preciso manter o barco navegando, enquanto o capitão curte a viagem no aconchego da sua cabine.
Ora, se o barco de nossa vida está sendo conduzido por um “capitão pirata”, precisamos fazer um motim – reagir enquanto é tempo. Não podemos ficar repetindo o que nos mandam sem questionar. Pois, o destino de todo o papagaio de pirata é virar sopa na hora da necessidade. Mas quem pode, quem deveria conduzir o nosso barco? Sabemos que o nosso tesouro está em Deus. Deste modo, só a verdade pode ser repassada adiante! Pois, quem comanda nossa embarcação é aquele que diz de si mesmo: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida …” João 14.6
Curioso é que agora o ministério da educação está se prestando ao papel de inventar uma outra história para o golpe de 1964. Querem reeditar os livros didáticos para colocar uma versão distorcida dos anos de chumbo. Constatamos que a onda dos Fake News já está se institucionalizando. Os fatos históricos são desacreditados em função de uma visão conservadora da sociedade. Os mortos do regime militar, os torturados e os marginalizados clamam por reconhecimento de suas lutas, sacrifícios e dores. Todavia os papagaios de pirata não calarão a voz daqueles que são discípulos da verdade; mesmo que façam grande alarde.
Nesse sentido, o tema comunicação é uma preocupação constante da Pastoral Popular Luterana. Como comunicar bem a verdade às pessoas. Como alcançar aqueles que são colocados à margem da sociedade? De que maneira promover uma comunicação libertadora? Este site, junto com os demais meios de comunicação da PPL, quer ser instrumento de edificação da cidadania com base na verdade do Reino de Deus. Desta forma, convidamos você para interagir e colaborar no trabalho de bem informar, de compartilhar informações seguras, para que possamos resgatar a boa nova do Evangelho de Cristo em meio a sociedade.
Marcos César Sander – Palmitos – SC
Mensagem de Natal
Mensagem de Natal da Pastoral Popular Luterana
“E ele mostra a sua bondade a todos que o temem em todas as gerações. Deus levanta a sua mão poderosa e derrota os orgulhosos com todos os planos deles. Derruba dos seus tronos reis poderosos e põe os humildes em altas posições. Dá fartura aos que tem fome. Manda os ricos embora com as mãos vazias.” (Lc1.50-53)
O Natal é uma das datas mais importantes da fé cristã. Nele lembramos que Deus visitou o seu povo de maneira radical, tornando-se parte do povo, tornando-se um ser humano. Mais que isso, Deus se tornou uma frágil, vulnerável, pobre e perseguida criança. É a mensagem mais clara da solidariedade de Deus com os pequeninos e as pequeninas. Ele está do lado do mais frágil de todos, para assim poder estar com todo mundo.
Às vezes pode passar desapercebido o papel de Maria nessa história de salvação. Maria era uma mulher jovem e pobre, natural de uma região muito pobre, periférica e desprezada da Palestina: a Galileia. Ela era noiva, mas ainda não era casada. E foi a essa mulher que o anjo, o mensageiro do Senhor visitou e disse “bem-aventura”, “feliz”! O anjo não visita José, como tantas outras vezes visitou bem-aventurados homens no passado. Dessa vez o anjo rompe as barreiras tradicionais da família e dos papeis de gênero na sociedade da época. O anjo fala diretamente a mulher. Anuncia sua bem-aventurança. E Maria, em sua liberdade, diz SIM a Deus, diz SIM para carregar Jesus em seu ventre, diz SIM para ser mãe. Aqui temos um exemplo contundente de empoderamento feminino. Maria não é objeto da ação de Deus. Ela é sujeito. Ela é livre. Ela decide. Ela diz SIM.
Nesse momento, Maria profetiza. Seu cântico é um dos textos mais lindos da tradição cristã e mais forte da mensagem de justiça social que Deus quer operar mediante Jesus: Deus derrota os planos dos soberbos; Deus derruba dos tronos os poderosos e exalta os humildes; Deus concede fartura aos pobres e manda os ricos embora, de mãos vazias. Que mensagem poderosa! De quê Maria seria chamada em nossos dias por exercer sua liberdade e falar de forma tão clara contra as injustiças sociais de seu tempo?
O ano de 2018 está terminando e traz consigo uma mensagem de resistência para a esperança. Tal como Maria, esse ano foi de muita resistência das mulheres. Mulheres do Brasil inteiro, de diferentes confissões, classes, cores uniram-se contra a injustiça social, contra a soberba, contra quem humilha os pequeninos e as pequeninas do Brasil. Em setembro essas mulheres protagonizaram um dos maiores eventos de resistência de nosso tempo, o #elenão. Maria, tomada pela fé salvadora de Deus, disse SIM. As mulheres do Brasil disseram NÃO. Assim é a dinâmica da palavra profética: o SIM à salvação, o NÃO à perdição.
Como Pastoral Popular Luterana, como comunidades de fé, como sociedade brasileira, temos que aprender com a resistência das mulheres, temos que aprender com a força da ousadia, a força da liberdade teimosa contra toda opressão, aprender com sua garra. É no corpo delas que trazem a mensagem da resistência, da esperança e da libertação. As mulheres são mensagem salvífica de Deus, como canta Milton Nascimento “de uma gente que ri quando deve chorar”.
Que a fé de Maria e a luta das mulheres de nosso tempo sejam mensagem de esperança. Não nos abatemos, não nos desanimemos. Tenhamos fé. Tenhamos alegria. Deus visitou seu povo. Jesus nasceu. Resistência é alegria antecipada, é SIM ao riso quando os poderosos procuram arrancar o choro. Uma boa risada cheia de esperança e resistência é profecia. Bem-aventuradas, bem-aventurados nós, porque a felicidade é poder lutar na certeza da fé em Jesus.
“Eu quero caminhar com os pés firmes neste chão, enquanto falta tanto pão não posso me acovardar”.
A Bíblia nos dá muitos exemplos de como a história de Deus com o seu povo aconteceu a caminho, em caminhada. Mas nem toda caminhada é triunfal. Algumas caminhadas são carregadas de desânimo. Uma delas foi a história dos discípulos de Emaús que saíram de Jerusalém logo após os eventos da sexta-feira da Paixão de Jesus. Caminhavam, mas não rumo a um futuro. Caminhavam como quem se recolhe de sua derrota. De repente alguém se junta à caminhada. Pergunta, ouve, interage, desafia. Foi a caminho que o ânimo ressurgiu.
Deus nos chama a caminhar, na verdade, a nossa vida é uma constante caminhada. Nós não podemos parar, temos que prosseguir, continuar. Mas muitas vezes nos sentimos cansados e cansadas. Os pés, muitas vezes, doem.
Não podemos nos iludir que a caminhada só acontece quando o ânimo ressurge. Mas é enquanto se caminha, caminhando que o ânimo ressurge. Durante o caminho, encontramos muitas pessoas: animadas e desanimadas. Deus nos desafia a nos encorajarmos, fortalecermos mutuamente, dar a mão para quem já desanimou e caminhar juntos, juntas, de mãos dadas, sem soltar.
Além de nós, outras pessoas também estão caminhando, se colocando a caminho. Precisamos encontrar essas pessoas. É preciso reencontrar-se com o povo, reencontrar-se com a base, reencontrar-se com os movimentos sociais e ecumênicos. Esse é o grande desafio de nossos dias.
Caminhar é resistir. A resistência é caminhada. E queremos atender esse chamado. Somos RESISTÊNCIA. Se você também é resistência, saiba que não está só. E nós também não estamos sós por causa de você. Vamos caminhar juntos e juntas.
A Coordenação Nacional da Pastoral Popular Luterana deseja um 2019 de esperança, sonhos e resistência.
Palmitos, 20 de novembro de 2018.
Carta Manifesto 2018
Carta Manifesto Manifesto da Pastoral Popular Luterana por ocasião da Assembleia Ordinária realizada no Encontro Nacional da PPL 2018, realizado em Medianeira, Paraná, destinada a toda comunidade cristã.
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