Quando no domingo da Páscoa, de manhã bem cedo, as mulheres se dirigiram ao túmulo de Jesus, elas estavam preocupadas: quem as ajudaria a remover a pesada pedra que fechava a entrada do túmulo.
As mulheres foram ao túmulo, encontrando, não uma pedra pesada obstruindo o túmulo, mas a entrada do túmulo aberta e a pedra removida. Diante da visão da pedra removida foram confrontadas por esta pergunta: “Por que vocês procuram entre os mortos aquele que vive?” (Lc 24.5b). Jesus vive. Pedras removidas possibilitam ressurreição, vida nova.
Medos, conflitos, angústias, dúvidas, escuridão… são pedras cotidianas da vida pessoal e coletiva. Cada pessoa tem diante de si pedras que determinam dificuldades e limitações.
Pai de família procura emprego a fim de garantir o sustento de sua família, mas não é aceito nas ofertas de emprego, pois já tem mais de 40 anos e não está qualificado. Quem vai remover a pedra?
Jovem de família que tem tudo, mas lhe falta o principal: amor, carinho e atenção de seus pais, tempo para o diálogo e convívio. Por isso, na ausência dos pais, o filho procurou outra alternativa para encontrar a felicidade. E a encontrou no consumo de drogas. Quem vai remover a pedra?
Que dizer da pessoas cujas vidas foram tragadas pelo ritmo incessante do trabalho, os idólatras do lucro fácil, dos sacerdotes da competitividade, reféns dos desejos e do consumo supérfluo. Ou daqueles que foram robotizados pela moda e pelas medidas perfeitas, prisioneiros de suas próprias vaidades. O que dizer das pedras estúpidas da corrupção, do preconceito e da raiva, tão enraizadas em nossa cultura e teimosamente sendo lapidadas, como se fossem pedras preciosas, por indivíduos e instituições movidos por interesses pessoais ou corporativos? Pedras colocadas no caminho da vida, de diversos tamanhos, por diversos motivos. Quem as irá remover para que caminho da vida se faça livre?
A pedra removida no túmulo de Jesus permite às mulheres o acesso à descoberta de que ele não está morto, mas ressuscitou. Que a Páscoa nos permita libertar-nos do ritmo incessante do trabalho que adia para o futuro o presente que nunca a gente se dá, com a desculpa de que o tempo é dinheiro. Enfim, saciados de supérfluos, nunca alcançamos o essencial. Que ressuscitemos para ter um tempo à toa com nossa família, nossos amigos, para suportar opiniões diferentes e olhar o próximo como um semelhante.
Feliz Páscoa a quem não desista de remover as pedras no devido tempo. Feliz Páscoa.
P. Renato Küntzer – Coordenador Nacional da PPL.