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Cartas Pastorais

 POSICIONAMENTO SOBRE OS CORTES NA EDUCAÇÃO E A REFORMA DA PREVIDÊNCIA   

Todas as pessoas ficaram cheias do Espírito Santo (…). At 2.4 

Somo

 

Todas as pessoas ficaram cheias do Espírito Santo (…). At 2.4 

 

Somos ainda iluminados e iluminadas e movidos e movidas pela energia que provém de Pentecostes. A tradição considera esse momento como marco central para o nascimento da Igreja. É o momento em que o Espírito Santo dá aos discípulos e às discípulas a coragem que vence o medo e o ódio, disseminados na época pelo Império Romano e por outros grupos políticos e religiosos aliados. A Igreja nasce dessa fé, coração do ministério de Jesus, alicerçada na coragem e no amor. A coragem foi fundamental para a Igreja manifestar postura crítica às forças que oprimiam e matavam as pessoas em sua época. O amor foi fundamental para a Igreja não esquecer dos pobres e das pobres, das viúvas, dos orfãos e das órfãs, dos escravos e das escravas, ou seja, de todos os grupos e pessoas que Jesus defendeu durante todo seu ministério: “ Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes aos mais pequenos dos meus irmãos, a mim o fizestes”( Mt 25. 40). A fé ensinada por Cristo  dá à Igreja a coragem de superar seus próprios muros e denunciar as estruturas, sistemas e lógicas que castigam ainda mais os grupos e pessoas historicamente violentadas por nossa sociedade. “Não esmagará a cana rachada, nem apagará o pavio que fumega, até que faça vencer a justiça” (Mt 12. 20). Para a fé cristã, a justiça só é possível a partir do cuidado e da atenção aos grupos e pessoas mais vulneráveis. É a partir deles que a Igreja orienta sua atuação no mundo: todas as vezes que uma pessoa ou um grupo vulnerável é ameaçado, a Igreja sem medo levanta a sua voz. Diante disso, duas questões contemporâneas ligadas ao governo federal brasileiro nos preocupam: a Reforma da previdência e os cortes na educação. 

Ambas as medidas afetam de forma considerável grupos fragilizados da população, seja dificultando o acesso à aposentadoria e a benefícios de seguridade social, seja afetando a vida de jovens que enxergam no estudo possibilidade de melhora de sua vida e de suas famílias.  Se efetivamente há necessidade de fazer uma reforma da previdência, a mesma não pode, de forma alguma, castigar ainda mais a população de baixa renda.  A reforma proposta apenas agrava as injustiças sociais brasileiras, pois não busca combater a sonegação das grandes empresas, corporações e milionários e milionárias. A proposta não aplica as mesmas regras aos políticos e às políticas com mandato e os militares e as militares. Os beneficiados e as beneficiadas desta proposta são os bancos e empresas de previdência privada, que ganham a possibilidade de expandir seus negócios com a capitalização da previdência e a previdência complementar. Qualquer reforma só será coerente dentro da perspectiva cristã se servir para diminuir os privilégios dos grupos mais ricos e beneficiar os grupos e pessoas mais pobres, promovendo assim uma sociedade mais igual e mais justa, perspectiva não contemplada pela reforma apresentada. Os cortes na educação, tanto básica como superior, representam não somente um ataque do governo à parcela da população que não tem dinheiro para pagar escolas e faculdades privadas, mas, também, o desmonte da educação e da ciência nacionais. Os cortes inviabilizam atividades em inúmeras universidades, o que afetaria todos os níveis de nossa sociedade, especialmente a maioria de baixa renda. A enfâse de Lutero na educação é totalmente ignorada pelo atual governo brasileiro. Essas medidas sedimentam a desigualdade da nossa sociedade. 

Neste cenário, a Igreja é movida pela força de Pentecostes, que lhe encoraja a levantar sua voz todas as vezes que a vontade de Deus, que é a vida abundante para todas as pessoas (Jo 10.10), é desrespeitada. Cristo nos lembra que só será possível a construção de uma sociedade mais justa a partir do cuidado e da proteção aos grupos e pessoas mais vulneráveis. Ora, são esses os mais castigados por tais medidas do governo. Por tais motivos, a voz da Igreja se faz ouvir. Não ficaremos calados e caladas diante da injustiça aos mais pequenos e às mais pesquenas. “Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer.” Mt 25. 45.  

 

  Coordenação da Pastoral Popular Luterana,

Palmitos 14 de Junho de 2019.

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