Tudo indicava que não haveria acordo. Mas no fim de intermináveis debates e negociações, 197 países assinaram. Isso foi na Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas, em Paris, em 2015. Finalmente, a humanidade tem um acordo universal para adotar formas de desenvolvimento sustentável, capazes de proteger a natureza e de amenizar o aquecimento global. Por isso, a ministra do meio ambiente da Alemanha chorou de emoção quando pegou a caneta para assinar o acordo.
A meta desse acordo é evitar um aquecimento acima de 2°C e, para que isso seja possível, os países signatários se comprometem em reduzir as emissões de gases-estufa ao nível necessário para tal, até 2030. Sabemos que todos os países ainda estão em dívida diante das metas resumidas nos 17 capítulos da chamada Agenda 2030, mas há muitos países que estão fazendo um esforço gigantesco para cumpri-las.
Infelizmente, Donald Trump, governante do país que mais polui e que mais agride o meio ambiente, rompeu com o acordo, em junho de 2016. Jair Bolsonaro, durante a campanha eleitoral, ameaçava romper também mas, depois de eleito, felizmente desistiu por causa das pressões, tanto internas quanto externas.
Agora, neste fim de setembro, as Nações Unidas realizaram uma Conferência do Clima, de 1 dia, antes do início da sua Assembleia Geral, em Nova York. Estavam inscritos para falar somente os governantes de países que tinham medidas concretas para apresentar: Iniciativas e decisões governamentais sólidas que cumprem as metas da Agenda 2030, entre os quais está o capítulo sobre o meio ambiente e o aquecimento global (redução da emissão de gases, por exemplo no transporte, no ar condicionado, na produção de energia, na indústria, na agricultura, na mineração).
O Brasil confirmou, em Nova York, a má figura que está fazendo, nos últimos meses, aos olhos da Europa e do mundo, porque não mostra determinação para cumprir a responsabilidade enorme que lhe cabe, tendo em vista seu tamanho geográfico, sua concentração no agronegócio e por ter em seu território as maiores selvas tropicais do mundo, a Floresta Amazônica. O governo fez um papel feio, porque não teve o que apresentar, tanto que Bolsonaro não foi convidado para falar. Pior: Quando falou na abertura da Assembleia, no dia seguinte, não foi proativo, não mostrou disposição para buscar soluções conjuntas e coletivas, mas ofendeu outros governantes e fez transparecer o seu “faz de conta referente ao acordo”. Essa postura circula nos meios de comunicação do mundo inteiro e fornece material quente para humoristas e caricaturistas.
Ainda assim, há vários motivos de esperança de que o nosso País cumpra seu papel, independente de quem o governa: 1) O Brasil assumiu compromisso diante das outras nações quando assinou o Acordo de Paris, e esse compromisso pode ser cobrado por elas. 2) O Tratado de Livre Comércio entre União Europeia e Mercosul inclui a cláusula de que o Acordo de Paris seja cumprido. 3) O agronegócio, que tem grande poder eleitoral, vai perder mercado se as metas não forem observadas. 4) As manifestações da juventude, concentradas no movimento “Fridays for Future”, iniciadas pela jovem sueca Greta Thurnberg, vem pressionando governantes do mundo todo para que cumpram as metas, e esse movimento consegue envolver as gerações mais velhas, que não souberam ou não quiseram cuidar do Planeta Terra.
Não temos mais tempo a perder, mas temos esperanças de que os governantes entrem em pânico, como Greta Thunberg deseja.
Silvio Meinke