“Meu Deus, meu Deus por que me abandonastes?” ( Mt 27. 46b)
O encontro de amigos da Quinta-feira chega ao fim no Jardim de Getsemani. Ali o mestre estava com medo. Deus estava com medo! O absurdo, o incompreensível, habitavam juntos o coração daquele esconderijo chamado Getsemani. O salvador do pobres parecia temer a ação dos poderosos. Seus amigos, porém, permaneciam com ele, porque na última noite haviam celebrado a vida, a partilha e a amizade.
E o mestre foi vítima da traição mais cruel que existe, a traição de um amigo. Sentiu na pele o lado negro da corrupção, quando foi declarado réu de morte pelo sistema jurídico judeu e romano. Sentiu a dor de ser rejeitado pelo povo nas horas que mais precisava do seu apoio. Mas sentiu a força do ombro amigo do pobre, ali representado por Simão ( O Cirineu) que o ajudou carregar a cruz. Jesus e o pobre sofreram juntos o peso do pecado daqueles que ainda não entenderam a mensagem do Reino de Deus.
Do alto da cruz parecia sentir o amargo sabor da derrota e do abandono de Deus e orava com o salmista: “Senhor, Senhor, porque me abandonastes?” Deus está morto… E assim acaba a sexta-feira e inicia o Sábado.
João Henrique Stumpf