Irmãs e irmãos na caminhada da resistência e da justiça
Que tempos difíceis e cruéis vivemos no Brasil de nossos dias! Muitas mulheres em nossas igrejas vêm sendo ultrajadas, perseguidas, caluniadas por sua defesa da dignidade das suas irmãs. Isto é inaceitável, venha de quem vier. Não é o que aprendemos de Jesus, o bom pastor que dá a vida por seus amigos e amigas. Dele aprendemos outras atitudes, gestos de amor, compaixão e aceitação incondicional (João 8.1ss). Desta vez, porém, chegamos ao ápice da desfaçatez. Quando a Pastora Odja Barros da Igreja Batista do Pinheiro, em Maceió, AL, abençoou o matrimônio de duas jovens fieis de sua comunidade, além de ser ofendida com as palavras mais abjetas, foi ameaçada de morte. Como é possível que tenhamos chegado a este limite impensável neste país?
É hora de repensarmos em profundidade nossa fé e vivência do evangelho de Jesus. O apóstolo Paulo – teólogo da graça de Deus – foi muito claro ao escrever para a comunidade de Roma: “A ninguém fiqueis devendo cousa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei” (Romanos 13.8). Pedro igualmente ensinou as comunidades que pastoreou: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados” (1 Pedro 4.8). Estas recomendações apenas reverberam o ensino de Jesus e o que João escreveu em sua Primeira carta às comunidades da Ásia menor: “Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (1 João 4.16).
Uma comunidade cristã se destaca por ser acolhedora, generosa e cheia de amor mútuo; jamais julga por antecipação. O julgamento pertence a Deus. E ele usa de misericórdia para com todas as pessoas que depositam confiança nele. A Igreja Batista do Pinheiro manifesta grande abertura com sua acolhida e bênção para com duas jovens fieis que desejam viver juntas o amor que as uniu. Isso coloca esta igreja no caminho de Jesus e do Deus de Amor.
A PPL – Pastoral Popular Luterana se solidariza de forma pública e irrestrita com nossa colega e irmã Odja Barros bem como com sua comunidade. A elas nos sentimos unidos pela mesma fé, pelo mesmo amor e mesmo propósito de viver nossa cidadania com respeito por todas as pessoas amadas pelo Deus vivo.
Que as ameaças sejam esclarecidas pelas autoridades de segurança da cidade de Maceió e seus responsáveis devidamente enquadrados nos crimes que cometeram. Temos de resgatar neste país os valores proclamados pelo Artigo V da Constituição de 1988.
Coordenação Nacional da PPL – 15/12/2021
Pastoral Popular Luterana
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