Amigos e amigas de caminhada,
Queremos compartilhar com vocês a oração formulada pelo Jesuíta Luís Espinal (*). É uma oração que vem do meio das lutas populares na Bolívia.
Senhor,
Existem cristãos mudos, que,
Enquanto não se mexe com eles,
Ficam tranquilos, por mais que o mundo se arrebente.
Não protestam contra as injustiças,
Porque estão escravizados e foram seduzidos,
Comprados pelo medo ou pelo oportunismo.
Outros, porque nada têm como serviço.
Para eles a fé é uma coisa,
Que nada tem a ver com a vida;
Vale só das nuvens para cima …
Nós te pedimos, Senhor,
Pelos cristãos que estão em silêncio;
Que tua palavra lhes queime as entranhas
E os faça superar sua indiferença.
Que não se calem como se nada tivessem a dizer.
Senhor, sabes o que convém à tua Igreja,
Se um fervor de catacumbas
Ou a rotina de uma proteção oficial.
Dá-lhe o que seja melhor,
Ainda que seja a perseguição ou a pobreza.
Livra-nos do silêncio daquele que “boceja”
Diante da injustiça
Livra-nos do silêncio prudente
Para não nos comprometer.
Receamos ter limitado teu evangelho;
Agora já não tem mais arestas, nem espanta ninguém;
Temos pretendido convencer-nos
Que tudo é possível e tudo é permitido,
Servir a ti, privilegiar a si próprio e ignorar o próximo.
Senhor,
Livra a tua Igreja do desejo de ser igual a tudo,
Que não pareça uma sociedade a mais
Com seus donos, acionistas,
Privilégios, profissionais e burocratas.
Que tua Igreja nunca seja muda e cega
Uma vez que ela é instrumento da tua palavra
Que prega livremente
Sem rodeios nem covardias
Que jamais se cale diante dos que se escondem debaixo de peles de ovelha
Nem daqueles que se portam como lobos famintos. Amém.
Ainda nos encontramos sob os cuidados necessários para enfrentar a Covid-19, solidários aos familiares das mais de 155 mil vítimas e indignados pela postura omissa, negacionista e indiferente de parcela da população. O que nos anima é que estamos no mês da Reforma e somos contagiados pelo espírito protestante. Não nos eximimos de dar o nosso testemunho confessional como uma contribuição na diversidade de confissões cristã e religiosas nesse país. Reafirmamos o nosso serviço profético, pastoral e diaconal identificados com a cruz de Jesus de Nazaré. Que Deus nos ajude a manter a dignidade, a verdade e a sobriedade, na firme esperança da vida plena da promessa de Jesus.
Coordenação Nacional da PPL
(*) Tradução livre da oração de Luís Espinal Camps, padre jesuíta espanhol, naturalizado boliviano em 1970. Nasceu em San Fructuoso de Bages, Espanha, em 1932. Em 08/08/1968, chegou como missionário na Bolívia. Mártir da igreja na Bolívia, foi assassinado em 21 de março de 1980, na cidade de La Paz, Bolívia, por sua luta em solidariedade com os mais pobres daquele país.