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Surge uma Pastoral Popular Luterana

Uma pastoral é essencialmente testemunho e ação. Tem suas raízes na mensagem bíblica. Esse testemunho e ação motivada pela mensagem bíblica ganha enorme relevância na atualidade por seu conteúdo e propostas de mudança da realidade. A ação pastoral é um agir evangélico no meio popular.

A pastoral popular tem sua origem na luta de libertação na América Latina, onde o povo reconhece a atuação de Deus na história pela prática da justiça. Esta sua origem também define o seu público e tarefa específica que o cuidado para com aqueles/as que se encontram em situação de fragilidade devido a desigualdade social e de todas as demais consequências de tal desigualdade. A pastoral popular eficiente é aquela que, conforme Jesus fez, consegue ler e interpretar a sociedade do seu tempo, a fim de detectar os problemas que fazem com que o povo sofra.  E, a partir de então, sejam denunciados, tendo em seu horizonte a mudança, a realização da justiça.

Assim nasceu a Pastoral Popular Luterana (PPL), formada a partir da atuação de membros, lideranças e ministros/as vinculados à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).  A Pastoral Popular Luterana não possui uma data certa para seu surgimento. Ela aparece num momento histórico compreendido entre o final da década de 1970 e início da década de 1980, em algumas comunidades do sul do Brasil, espalhando-se depois por vários estados do sul até o Espírito Santo, Mato Grosso, Rondônia, Pará. Seus participantes inicialmente eram somente pastores, pastoras, mas logo de início, em torno de 1984, ela contou com a participação de leigos engajados em lutas sociais.

Conforme consta em ata do seminário da Pastoral Popular Luterana ocorrida em Palmitos no ano de 1990, a sigla PPL teve origem numa reunião ocorrida em Esteio/RS, sendo seu principal objetivo “motivar as pessoas para um trabalho popular”.

Também consta nesta ata que uma das importantes características da PPL é ser ecumênica e somar forças nas ações concretas com grupos e movimentos sociais organizados.

A PPL aparece nos momentos finais de uma violenta etapa da história brasileira, em que o país viveu sob a ditadura militar (1964 a 1985), gerando repressão, opressão, violência e desigualdade. Por isto é extremamente significativo entender como a PPL, um movimento eclesial com opções de esquerda, conseguiu ir se estabelecendo numa igreja minoritária e historicamente vinculada à imigrantes alemães.

Em oposição à experiência da ditadura, a PPL sempre deu muito valor à formação, organização e protagonismo popular, a partir de uma visão de fé motivado pela Teologia da Libertação e pela confessionalidade luterana, e de testemunho evangélico das comunidades lá na sua base. Foi o exercício da missão profética de denúncia e anúncio em vista do Evangelho de Jesus Cristo.

A PPL assim se definiu conforme os seus estatutos:

Pastoral Popular Luterana, a seguir denominada PPL, é uma associação civil, sem fins lucrativos, de cunho religioso, autônoma em relação ao Estado e aos Partidos Políticos, comprometida com o movimento social e comunitário, de caráter assistencial, educacional e de assessoria, composta por pessoas ligadas organicamente à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB

Com fundamentos na teologia luterana assim como na teologia da libertação, a PPL visa contribuir com suas ações para a transformação social, por meio de uma leitura crítica das realidades que se apresentam e da própria fé cristã. Esta tarefa é realizada por meio de objetivos que são:

  • Promover a reunião e organização de pessoas e grupos de comunidades cristãs engajadas em instituições da sociedade civil, visando prepará-las para ações transformadoras na sociedade, desde uma perspectiva eclesial, bíblico-teológica e sociocultural;
  • Implementar a ação pastoral junto a comunidades eclesiais e organizações do movimento social, considerando as dimensões celebrativa, de animação, conscientização e formação;
  • Buscar a transformação da sociedade numa perspectiva libertadora e ecumênica, junto com outros grupos, comunidades eclesiais e segmentos sociais;
  • Animar a promoção humana através de ações de solidariedade, de formação teológica e política, e de preparação de lideranças eclesiais e comunitárias;
  • Incentivar a organização social, educacional, cultural e recreativa de pessoas associadas e grupos com os quais a PPL trabalha;
  • Realizar atividades filantrópicas que visem atender carências do público com o qual a PPL trabalha, especialmente de grupos empobrecidos, comunidades eclesiais e setores do movimento social;
  • Realizar encontros nacionais, regionais e locais, em forma de seminários, cursos, congressos, retiros, fóruns, debates e conferências, visando o aprimoramento pessoal e comunitário do público alvo da PPL, a interligação de atividades, a análise da realidade e o aprofundamento bíblico-teológico.

É por meio desta voz profética, que não somente denuncia, mas também anuncia, e que evidentemente não se restringe ao grupo de pessoas ligadas à PPL, que as pessoas podem perceber que o Reino de Deus já se manifesta aqui neste mundo, na prática da justiça, na vivência do amor e da solidariedade.